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  • Foto do escritorRev. Luiz Henrique

A família e o mandato espiritual

1 Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. 2 E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. 3 E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera - Gênesis 2.1-3.

O terceiro aspecto a ser considerado é o Mandato Espiritual. Envolvia comunhão e obediência a Deus. Esta comunhão estava marcada pelo dia de adoração ao soberano de todas as coisas, conforme vemos em Gênesis 2.1-4. Este mandato também tem um aspecto pactual e implica numa vida de obediência e adoração a Deus de forma inegociável.


O homem foi criado para glorificar a Deus e se deleitar nele, e isto é feito mediante a obediência irrestrita a Palavra de Deus bem como em celebração litúrgica a Deus. A eles foi dado o mandato de andar com Deus à medida que Deus andava e falava com eles. Da mesma forma, os pais – o primeiro exemplo relacional social – devem ensinar seus filhos sobre este relacionamento que Deus estabeleceu com a criação feita a sua imagem e semelhança. Os filhos são parte da família real de Deus e são chamados a responder ao relacionamento espiritual com o seu Criador.


VAN GRONINGEN (2019, pág. 112) vai dizer que:

O relacionamento espiritual entre o homem e mulher foi quebrado do ponto de vista humano, mas não do ponto de vista de Deus. Deus providenciou imediatamente a restauração do relacionamento do ponto de vista humano para com Deus no intuito de que o homem e a mulher pudessem dizer: “Deus é o nosso Deus, nosso Pai, nosso Rei e também nosso Redentor e Salvador”.

Portanto, ao homem e sua mulher lhes foi dado um dever de guardar o dia sétimo para se deleitarem na presença de seu Criador e Redentor, a fim de glorificar seu nome em ações de graças por seus feitos poderosos. Assim como somos chamados a cultivar (trabalho) e multiplicar-se (desenvolver sociedade), também somos chamados à adoração e contemplação da obra da criação.


É interessante que o mesmo Deus que ordena ao homem que cultive o jardim e que se multiplique sobre a terra com a sua esposa, é o mesmo que requer a adoração. De que forma isso é possível? Alguém poderia responder: guardando o dia do SENHOR. Sim! Está perfeitamente correta a resposta. Mas, qual a conexão deste mandato com os demais? É aqui que encontramos uma questão importante: Deus requer que o glorifiquemos em tudo o que fazemos.


A primeira pergunta do Breve Catecismo de Westminster é a mais lembrada por nós, mas a mais incompreendida. Ela diz: Qual é o fim principal do homem? O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Certo, isto é o que diz o breve catecismo. Mas, algo precisa ser esclarecido. Vejamos:


  1. 'Glorificar a Deus’ não significa ‘tornar Deus glorioso’; Ele já é glorioso. Sua glória existe desde toda a eternidade, e nada criado por Deus poderia fazê-lo ainda mais glorioso.

  2. 'Glorificar a Deus’ significa ‘refletir a sua glória’; é aqui que encontramos o ponto de conexão do mandato espiritual com os demais.


O mundo que Deus criou é um mundo cheio de beleza, e funciona como uma espécie de espelho de sua glória. Portanto, quando somos chamados a cultivar a Criação de Deus (mandato cultural), isto significa “fazer refletir a sua glória como ela o é”; e isto é feito quando trabalhamos, zelamos pela limpeza e ordem das coisas etc. Quando formamos uma família e criamos filhos conforme a imagem e semelhança do Senhor (mandato social), então formaremos uma sociedade capaz de refletir a glória de Deus. É por esta razão que Paulo vai dizer: “...quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” – 1Co 10:31. Ou seja, toda a nossa vida e tudo que nos foi proposto como forma de viver, deve glorificar a Deus.


É claro que este princípio de glorificar a Deus começa em casa. É a Adão que Deus primeiro se apresenta. É Adão que deveria conduzir sua casa ao SENHOR. Mesmo depois de pecar junto com sua esposa, o SENHOR procurou Adão primeiro; e por causa de sua falha em proteger sua casa e cultivar o jardim como o era, toda a criação recebeu as consequências de seu pecado.


VAN GRONINGEN (2019, pág. 113, 116) também vai dizer que “O lar deve ser o cenário inicial das verdades bíblicas e seu significado para a vida diária [...] os pais são chamados para serem agentes iniciais para levar seus filhos a um relacionamento espiritual com Deus”. É de casa que se aprende a adorar ao Senhor e reconhecê-lo como nosso Senhor e Salvador. Infelizmente, em muitos lares, reina a TV, a diversão, a internet, os jogos e todo tipo de entretenimento, mas não há adoração. Não há leitura bíblica. Não há exemplo de piedade e devoção. Não há lições e testemunhos a serem seguidos.


É com razão que muitos pais temem que seus filhos se desviem quando vão para universidade ou conhecem colegas de trabalho que não são cristãos. Esses filhos nunca tiveram uma base pela qual deveriam sustentar sua cosmovisão. Estão absorvendo todo tipo de ensino nas escolas, redes sociais, desenhos infantis cheios de cultura ideológica e pagã e amizades com filhos das trevas.


Como proteger nossa família de se desviar da verdade e de seu Senhor? O mandato espiritual nos dá a resposta. Vejamos:


1. Este mandato espiritual nos lembra que temos o Criador e redentor pelo qual devemos adoração e devoção.


Ele é nosso Criador e Redentor. Nos criou para que pudéssemos refletir a sua glória em tudo o que fizermos. Nos regenerou para que sua glória não fosse associada com uma criação em pecado e cheia de iniquidades.


2. Este mandato também nos lembra que, apesar de sermos chamados ao trabalho como mordomos do Senhor, também precisamos descansar.


Esse descanso simboliza o fim de toda gota de suor para buscarmos refrigério naquele que é a nossa fonte de Vida. Descansamos das muitas atividades de trabalho que envolvem a nossa dedicação e esforço, para nos dedicar única e exclusivamente em outro trabalho que envolve adoração, culto, louvor à Deus e deleite em sua presença.


3. Este mandato espiritual nos lembra que devemos guiar nossa casa à Deus.


Esta é a nossa primeira igreja. O primeiro campo missionário é o nosso lar. Nossos filhos serão ensinados a orar, louvar e adorar a Deus individualmente e coletivamente. Os cônjuges farão de seu lar um ambiente que glorifica a Deus e que tem prazer nesta atividade honrosa e satisfatória.


Conclusão


Portanto, sirvamos ao Senhor com toda a nossa família. Protejamos a nossa família guardando estes preceitos de maneira sem igual. Forme em seu lar um ambiente que reflita a glória de Deus em tudo. Amém!


 

Bibliografia


  • JUNIOR, Heber Campos. Amando a Deus no mundo: Por uma cosmovisão reformada (São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2019), Edição do Kindle.

  • ANGLADA, Paulo Roberto Batista. Imago Dei: Antropologia Reformada. Ananindeua: Knox Publicações, 2013.

  • VAN GRONINGEN, Harriet e Gerard. A família da aliança. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2019, 3ª ed.


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