Quando pensamos e falamos em relação à “igreja” precisamos entender duas verdades importantes antes de falarmos de Membresia na Igreja.
Em primeiro lugar, a igreja do Senhor Jesus é somente “uma”; é, portanto, a “igreja universal”. Quando lemos a carta do apóstolo Paulo aos Efésios podemos entender essa verdade de forma plena quando ele diz: “há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos”1.
Em segundo lugar, podemos perceber que há uma diversidade de culturas, línguas e nações que constitui a igreja do Senhor. Embora ela exista por causa de um só Senhor, um só batismo, uma só fé e um só corpo; a realidade geográfica, étnica2, social e cultural, levou está mesma igreja a existir em partículas menores; não deixando de exercer e agir dentro da unidade de propósito do qual foi formada. Sendo assim, o que conhecíamos como “igreja universal”, foi reconstruído dentro da ideia de “igreja local”, ou seja, um só povo que existe, se organiza e vive em pequenas comunidades.
Quando olhamos para as palavras de Jesus Cristo ao ordenar que façamos discípulos em todas as nações3, podemos perceber que há um desejo que em todo o lugar a “igreja universal” se torne uma realidade dentro da existência do evangelho no reino de Deus aqui na terra, uma vez que ela já existe e se faz presente como igreja invisível no reino dos céus. Também podemos perceber que, embora haja a necessidade da existência desta igreja em forma de pequenas partículas, os propósitos continuam sendo os mesmo, pois as palavras de Jesus continuam trazendo a ideia da “unidade” do corpo de Cristo conforme diz o texto “... batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.
O problema não está nas pequenas partículas deste corpo, pois como também podemos testificar no livro de Atos dos apóstolos, há existência dessas partículas em todas as cidades onde os apóstolos passavam pregando o evangelho da graça de Deus, como por exemplo: A igreja de Tessalônica, a igreja de Corinto, a Igreja de Colossos, a Igreja de Antioquia, a Igreja de Filipos e tantas outras que existiram e existem nos dias de hoje.
O problema está no “propósito único” da existência destas pequenas partículas que, com o tempo, perderam sua missão principal como “igreja universal”. Dentro desta perspectiva, queremos analisar com detalhes o “por que” da existência da “igreja universal” e como ela pode se manter dentro dos propósitos de Deus, mesmo existindo em pequenas partículas, como é nos dias de hoje; e também queremos compreender qual a importância de fazermos parte desta “pequena partícula organizada” chamada de “igreja local”.
Nosso objetivo ao desenvolvermos esse artigo, é manifestar os propósitos de Deus para o seu povo, dentro da percepção eclesiológica; para que possamos manter o que Deus estabeleceu para o seu povo e compreender as implicações existentes, buscando saná-las para que o “corpo de Cristo” continue em uma só fé, um só batismo, adorando um só Deus – que é Pai de todos e está em todos; e, para que todo joelho se dobre diante de um só Nome que está acima de todo o nome.
“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno”4, disse o apóstolo João. Por sabermos desta verdade plena para o povo de Deus, precisamos estar dentro dos padrões que Deus estabeleceu para o seu povo; mesmo que isso aconteça de forma diferente em cada “partícula”, mas que o alvo seja o mesmo; pois “há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos”5.
O QUE É E POR QUE A IGREJA EXISTE?
Em primeiro lugar precisamos entender que a igreja é católica. É importante lembrar que a palavra católica não se refere à Igreja Católica Romana. O termo católico significa universal, ou para todos os tempos e em todos os lugares.
A ideia é que a igreja de Jesus Cristo não é um corpo paroquial encontrado em uma cidade em particular, ou somente entre um povo reunido em uma localidade geográfica específica. A igreja de Cristo é algo que pode ser encontrado por todo o mundo e é formado por pessoas de todas as línguas, tribos e nações.
O Rev. Robert Charles Sproul certa vez foi ministrar em uma igreja pequena localizada na Flórida e havia cerca de umas cento e cinquenta pessoas reunidas naquela manhã na congregação. Ele fez um comentário que em primeiro momento trouxe uma reação de risos à plateia presente, mas que em seguida, essa reação se converteu em plena compreensão da natureza da existência da igreja.
Ele disse que aqueles irmãos o perdoassem por estar nervoso em falar ali, naquele momento. Ele justificou seu nervosismo dizendo que sempre que esta diante de “milhares” de pessoas ele ficava muito nervoso. As pessoas começaram a rir e olham de um lado para o outro procurando esses “milhares” de pessoas. Ele percebendo a reação das pessoas buscou apresentar de maneira clara o que estava acontecendo com ele era provinda de uma realidade Bíblica que os irmãos desconheciam em relação à “igreja universal”.
Está verdade está explicita no texto das Escrituras Sagradas registradas no livro de Hebreus quando diz:
"Ora, não tendes chegado ao fogo palpável e ardente, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, ao clangor da trombeta, e ao som de palavras tais, que quantos o ouviram suplicaram que não se falasse mais, pois já não suportavam o que lhes era ordenado: Até um animal, se tocar o monte, será apedrejado. Na verdade, de tal modo era horrível o espetáculo, que Moisés disse: Sinto-me aterrado e trêmulo! Mas tendes chegado ao monte e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontestáveis hostes de anjos, e à universal assembleia e a igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos juízes dos judeus aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel"6.
O autor de Hebreus está falando aqui da igreja e da experiência da igreja universal. Ele nos lembra da nova situação que passou a existir com o triunfo de Cristo e de que as coisas mudaram desde os dias do Antigo Testamento. Ele afirma que você não sobe àquela montanha que estava coberta com trevas, raios e trovões, que era um lugar de terrível terror. O autor diz que não é isso que estamos fazendo quando vamos à igreja. Agora, quando vamos à igreja, estamos entrando no próprio céu, para onde Cristo foi em sua ascensão.
Como nosso sumo sacerdote, ele entrou no santuário celestial de uma vez por todas e rasgou o véu da separação que proibia o acesso para nós à presença imediata de Deus. Em outras palavras, Deus está em todo lugar, ele não está apenas dentro de um prédio da igreja. Nós sabemos que não podemos restringir sua presença, mas há um significado simbólico importante na porta de uma igreja.
Quando entramos naquele prédio, espiritualmente falando, adentramos o lugar onde o povo de Deus está reunido para oferecer adoração e sacrifícios de louvor a ele. A igreja é terra santa. É o lugar sagrado onde o povo de Deus se reúne para a sagrada tarefa da adoração.
O Novo Testamento diz que quando adoramos juntos, não estamos adorando apenas em uma assembleia de cento e cinquenta pessoas, mas que nossa adoração é elevada ao céu, em sintonia com todos aqueles que estão em Cristo Jesus espalhados por toda a terra e também por aqueles que já partiram deste mundo, mas se encontram aguardando o retorno do supremo pastor.
Quando a igreja se reúne, não importa quão pequena seja, não importa quão remoto o lugar onde esteja – é a igreja católica; a igreja do Senhor.
Nós nos juntamos em uma comunhão da igreja católica. Está comunhão se dá por meio da união mística em Cristo e sua noiva. Todos quantos fazem parte da noiva de Cristo estão em Cristo Jesus. Onde quer que Cristo esteja, lá está sua igreja. A coisa mais maravilhosa a respeito da igreja em adoração é que a igreja está na presença de Cristo.
Em segundo lugar, a igreja existe para que haja uma extensão pratica de nosso relacionamento com Deus ao seu povo; e, por meio desse relacionamento, a igreja possa expressar a glória de Deus em suas atribuições e responsabilidades dentro do campo da unidade, em Cristo Jesus.
Esta realidade está descrita com clareza na epístola de Paulo aos Efésios quando diz:
“há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos”.
A ênfase desta passagem das Escrituras está na “unidade” do povo de Deus, com Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito, como também na unidade com o corpo de Cristo – o povo de Deus.
Muitos cristãos não compreendem como esse relacionamento primordial com Deus necessita de inúmeros relacionamentos pessoais secundários – os relacionamentos que Cristo estabeleceu entre nós e seu corpo, a Igreja.
Quando esta unidade é compreendida e desenvolvida pelo povo de Deus, então teremos uma “igreja universal” relacional. Sua existência aqui na terra terá a glória de Deus como primazia; e esta primazia estará fundamentada na grande expectativa de estar em constante relação com Deus, em resposta a continua e verdadeira relação com o povo de Deus.
A relevância disto será a propagação fiel do evangelho de Cristo Jesus; pois “juntos” (em unidade) poderemos demonstrar o evangelho de um modo que não podemos fazê-lo sozinhos. 2. QUAL A RELEVÂNCIA DA EXISTÊNCIA DA IGREJA?
Em primeiro lugar, refletir o caráter de Deus conforme ele é revelado em sua Palavra; isso implica, naturalmente, começarmos pela Palavra de Deus. Ouvindo e seguindo a Palavra de Deus, refletimos a imagem e manifestamos o caráter e a glória de Deus.
Desde que Adão foi expulso do jardim, por não obedecer a Palavra de Deus, toda a humanidade tem estado dividida em dois grupos: os que obedecem a Palavra de Deus e os que não obedecem.
O povo de Deus achará vida completa exclusivamente por ouvir a Palavra de Deus e prestar-lhe obediência. Por ouvirmos e seguirmos o que Ele disse, refletimos crescentemente o caráter e a glória de Deus.
Uma das funções primordiais da igreja é a evangelização e as ações missionárias. Isso faz parte do caráter de Deus. Quando fazemos missões e praticamos a evangelização, devemos fazer isso em conformidade com a Palavra de Deus.
Pregamos, evangelizamos e cumprimos a missão que nos foi dada em Mateus 28.19 porque Deus diz, em sua Palavra, que devemos fazer. A igreja existe para ouvir e cumprir a vontade de Deus, registrada em Sua Palavra – as Sagradas Escrituras.
Em segundo lugar, a existência da igreja é importante porque nela está a presença de Jesus Cristo como Senhor da igreja, Dono da igreja, como cabeça e líder da igreja com exclusiva autoridade e senhorio.
Quando falamos da igreja do Senhor estamos nos referindo ao corpo de Cristo existente na terra. A igreja é a representação do caráter de Deus porque ela faz parte de Deus, na pessoa de Seu Filho amado.
A igreja precisa entender que ao pertencermos ao Senhor Jesus, não só O temos como Senhor da igreja, mas também como única referencia e ponto de imitação para uma existência característica de Deus. Somos o que somos mediante a graça de Deus em Cristo e por isso, devemos refletir a imagem do Filho de Deus.CONCLUSÃO
A igreja esta unida a Cristo assim como Cristo esta unido a Deus e ao seu Espírito. A igreja existe para que a gloria de Deus seja manifesta de forma plena, e em conformidade da unidade em Cristo Jesus. Uma vez que ela está unidade em Cristo Jesus, deve apesentar diante de Deus com um caráter cristocêntrico e fiel à Palavra de Deus.
Esta mesma igreja deve caminhar segundo a Palavra de Deus, pois assim, estará fazendo conhecida sua obediência e temor a Deus; e, retornando de forma triunfante, ao que foi quebrado no Éden. Este retorno se dará em resposta ao que Cristo fez por sua igreja – “pela obediência dele, muitos se tornaram justos”7.
A função da igreja é manter o que Cristo conquistou na cruz do calvário, sem deixar de ter como ponto principal em sua existência, a sua dependência em Jesus Cristo, “pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos...”8.
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