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Foto do escritorRev. Luiz Henrique

A ultima Páscoa - Lucas 22.7-20 [ARA].

7 Chegou o dia da Festa dos Pães Asmos, em que importava comemorar a Páscoa. 8 Jesus, pois, enviou Pedro e João, dizendo: Ide preparar-nos a Páscoa para que a comamos. 9 Eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos? 10 Então, lhes explicou Jesus: Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem com um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar 11 e dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde é o aposento no qual hei de comer a Páscoa com os meus discípulos? 12 Ele vos mostrará um espaçoso cenáculo mobilado; ali fazei os preparativos. 13 E, indo, tudo encontraram como Jesus lhes dissera e prepararam a Páscoa. 14 Chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos. 15 E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento. 16 Pois vos digo que nunca mais a comerei, até que ela se cumpra no reino de Deus. 17 E, tomando um cálice, havendo dado graças, disse: Recebei e reparti entre vós; 18 pois vos digo que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus. 19 E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. 20 Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.

A ÚLTIMA PÁSCOA - Fazei isso em memória de mim.

Introdução

Celebramos a Ceia do Senhor em nossos cultos por um motivo de suma importância para a igreja: porque isso nos ajuda a manter viva em nossa lembrança o que Jesus Cristo fez em favor de sua igreja.

A Ceia não é para os ímpios; nem tão pouco para alimentar famintos ou necessitados. Ela tem um significado importante para a igreja. Ela nos ajuda a lembrar do sacrifício vicário de Jesus na cruz do Calvário. Ela é poderosa para renovar nossa fé e esperança na certeza de que o mesmo Jesus que disse que morreria em nosso lugar , e que também disse que ressuscitaria ao terceiro dia .

A Ceia nos permite compreender o sacrifício de Jesus como o Cordeiro de Deus, uma vez que podemos fazer um link deste sacramento com a Páscoa; e ao mesmo tempo nos faz reconhecer a dimensão do amor, misericórdia e graça de Deus em favor de Seu povo.

A passagem de Lucas registra a refeição de Páscoa que Jesus compartilha com seus discípulos. Durante essa refeição, Jesus revelou mais coisas a eles quanto ao significado de sua morte iminente e ressurreição; além disso, estabeleceu a ceia como um sacramento para que seus seguidores se lembrassem do significado desses eventos.

Preciso trazer algumas definições de conceitos usados por Lucas nesta passagem para que possamos compreender a mensagem ensinada por Jesus à luz do quadro geral do texto. Vejamos:

Dia da Festa dos Pães Asmos e Páscoa

A Festa de Pães Asmos – sem fermento, simbolizava a eliminação do pecado na vida dos israelitas (Êx 12.14-20); a refeição de Páscoa acontecia no primeiro dia dessa festa (Êx 12.14-15), e era uma refeição que os israelitas deveriam comer em antecipação à sua libertação do Egito.

Enquanto a Festa dos Pães sem fermento simbolizava a libertação dos israelitas, a refeição da Páscoa simbolizava o modo que eles foram libertos – por mão poderosa de Deus ao sacrificar o cordeiro que foi preparado. A Festa de Pães sem fermento e a Páscoa, num primeiro momento, tinham valor representativo da parte de Deus para os israelitas; em um segundo momento, já no Novo Testamento com Jesus Cristo, elas tomam uma aplicação maior, final e satisfatória para Deus, onde os discípulos são ensinados por Jesus Cristo que lhes abre o entendimento ao instituir a Ceia.

Por que essa Festa foi estabelecida?

Não podemos passar adiante sem compreender o porquê da existência dessa Festa. Não haverá clareza do que fazemos enquanto participamos da Ceia do Senhor se esses eventos do passado não forem compreendidos por nós à luz do ensino e instituição da Ceia por Jesus Cristo. Vejamos:

  1. Essa Festa é apenas representativa; apontava para algo maior, melhor e final que Deus faria em favor de seu povo;

  2. Israel estava sob o domínio e escravidão no Egito, por Faraó;

  3. No livro de Êxodo 3 temos a passagem que descreve o momento onde Deus apareceu a Moisés do meio da sarça pegando fogo e lhe diz:

7 Então o Senhor continuou: — Certamente vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus feitores. Conheço o sofrimento do meu povo. 8 Por isso desci a fim de livrá-lo das mãos dos egípcios e para fazê-lo sair daquela terra e levá-lo para uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel; o lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do jebuseu. 9 Pois o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e também vejo a opressão com que os egípcios os estão oprimindo. 10 Agora venha, e eu o enviarei a Faraó, para que você tire do Egito o meu povo, os filhos de Israel (Êx 3.7-10 ).

A missão que Deus convoca Moisés para cumprir é a de libertação do povo, uma vez que eles mesmos se venderam como escravos ao Egito. Com mão poderosa e graça de Deus, o povo é liberto das mãos dos egípcios e do jugo opressor de Faraó; mas não antes de que Deus, de maneira pedagógica, apresente aos israelitas uma preparação e cerimonial que deveriam cumprir em favor de sua libertação: Preparar e comer a carne de um cordeiro sem defeito assada no fogo e comer pães sem fermento (asmos) e ervas amargas; além de também, passar o sangue do cordeiro nas ombreiras e na viga superior da porta, das casas em que o comerem (Êx 12.7). Com isto eles estariam demonstrando duas coisas a Deus: obediência e fé.

Então, a refeição da Páscoa com a Festa dos pães sem fermento simbolizavam o sacrifício que foi feito em favor dos israelitas e a sua libertação com mão poderosa de Deus, além de fazê-los demonstrar obediência à determinação de Deus e fé suficiente para acreditarem que Ele era poderoso e capaz de os libertar do Egito, uma vez que não tinham essa capacidade. Embora a tarefa que os israelitas receberam era crucial para manterem à salvo quando o anjo da morte passasse, só foram poupados mediante a providência divina através do derramamento de sangue do cordeiro.

Os preparativos e providências para a Páscoa

É interessante observamos a obediência que os discípulos dispõem para fazer os preparativos conforme o Senhor Jesus lhes orienta. Eles não celebraram a Páscoa de qualquer jeito. Tudo foi feito conforme o desejo de Jesus. Eles tinham motivos para questionar Jesus suficiente, mas a única pergunta levantada foi aquela em submissão a vontade d’Ele: Onde queres que a preparemos?

As instruções de Jesus têm um tom de enigma que os discípulos poderiam fazerem questionamentos, mas seguiram as orientações dele. Aqui podemos ver mais uma vez a providência divina para o momento. Não apenas a Páscoa é celebrada por Jesus e seus discípulos, mas, desde o local até o momento certo, foram providos por Deus.

Jesus diz que: ...ao entrardes na cidade, encontrareis um homem com um cântaro de água; segui-o até a casa em que ele entrar... eis a primeira questão que os discípulos poderiam fazer, pois na cultura judaica as mulheres que eram responsáveis desse trabalho; era incomum ver um homem carregando um cântaro de água. Ainda assim eles encontram tudo exatamente como Jesus lhes havia dito: o homem com o cântaro; a casa; a licença para uso e tudo mais.

Tudo foi feito discretamente porque, naquela altura, Jesus já era um alvo marcado pelos líderes judeus. Lucas termina dizendo que os discípulos ... tudo encontraram como Jesus lhes dissera e prepararam a Páscoa.

Há nessa passagem algumas lições importantes que Jesus ensina a seus discípulos e que também podemos absorver como discípulos do Senhor. Vejamos:

i. O cumprimento da páscoa em Jesus – v.14-16.

a) A Páscoa era apenas representativa, pois apontava para o sacrifício do Cordeiro de Deus;

b) Para os israelitas serem libertos do Egito teriam que sacrificar um cordeiro. Agora, o Cordeiro Pascoal sofrerá muitas dores e será sacrificado uma última vez para que os discípulos e a igreja do Senhor fossem libertos da condenação de seus pecados;

c) No passado os israelitas deveriam providenciar e preparar o cordeiro para a páscoa, agora, é o próprio Cordeiro que prepara tudo e anseia estar com aqueles que é a causa de seu sacrifício, sofrimento e morte;

d) Tudo isso é para que a verdadeira Páscoa se cumpra no reino de Deus;

e) Essa verdadeira Páscoa diz respeito ao sacrifício do verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo;

ii. A expectativa da Ceia em Jesus – v.17-18.

a) A ceia também traz uma expectativa para o povo de Deus;

b) Se a refeição da páscoa simbolizava o preparo antecipado do povo para a saída do Egito, e como de fato foram libertos e salvos; com a Ceia, a igreja se mantem na expectativa do retorno do Cordeiro, não mais para sofrer, ser sacrificado e morto em favor de nossos pecados, mas para concluir a obra de restauração e resgate de seu povo desta terra de escravidão;

c) Em Jesus, podemos repartir entre nós o cálice como símbolo de nossa redenção e comunhão porque a providência divina foi feita, por isso podemos dar graças;

d) Jesus estava prestes a se tornar o verdadeiro Cordeiro Pascal, que seria sacrificado pelos pecados do seu povo e. consequentemente, esta ceia pascal seria a última depois de séculos de expectativa messiânica; mas agora, em Jesus, ela se cumpre e mantem em nossos corações a expectativa de seu retorno.

iii. A nova aliança no sangue de Jesus – v.19-20.

a) O pão representando o corpo de Cristo e o vinho seu sangue, mais uma vez trazem a ideia simbólica para o povo de Deus;

b) Enquanto que no passado o cordeiro e seu sangue cumpriram uma função representativa, em Jesus há o cumprimento verdadeiro e final de toda representação;

c) Nós participamos da ceia em memória do que Cristo fez por nós; por isso, cada elemento aqui (como pão e vinho), não mais cumprem um papel representativo literal como no passado, mas simbólico, pois Ele está presente espiritualmente na vida de cada crente que participar da Ceia;

d) O pão partido na Ceia simbolizam o corpo de Cristo que foi partido por nós pecadores; ele se faz presente na ceia apenas para que, em memória dele, possamos nos lembrar de seu corpo que foi oferecido em sacrifício por vós;

e) Diferente do sangue dos cordeiros do passado, que ano após ano deveriam ser derramados pelos pecados dos pecadores; o sangue de Jesus não apenas nos purifica de maneira completa e final, mas também nos faz participantes de uma Nova aliança que diz respeito a obra expiatória e redentora de Jesus, para que tenhamos vida e vida em abundância.

Conclusão

Finalizo com algumas aplicações para nossas vidas. Vejamos:

  1. Jesus é o verdadeiro e último cordeiro Pascoal – isto não apenas significa dizer que o Cordeiro de Deus foi morto, mas também que sua morte cumpriu o seu objetivo de, com o derramamento de seu, purificar pecadores como eu e você, de todo pecado;

  2. Ele também é o sacrifício perfeito – isto significa dizer que a sua entrega a Deus, em favor de pecadores, foi recebida e aceita plenamente em razão de sua ressurreição. Desta maneira, podemos olhar para esses elementos da ceia e saber que são apenas símbolos e que não há mais necessidade de que outros cordeiros sejam sacrificados;

  3. Ele é a única esperança para os perdidos – enquanto que o povo estava ansioso pelo salvador e libertador, Jesus estava ansioso por cumprir sua missão entregando sua vida na cruz do Calvário em favor daqueles que estavam perdidos e foram achados por suas palavras de vida eterna;

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