No dia seguinte, estava João outra vez na companhia de dois dos seus discípulos e, vendo Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus! Os dois discípulos, ouvindo-o dizer isto, seguiram Jesus. E Jesus, voltando-se e vendo que o seguiam, disse-lhes: Que buscais? Disseram-lhe: Rabi ( que quer dizer Mestre ), onde assistes? Respondeu-lhes: Vinde e vede. Foram, pois, e viram onde Jesus estava morando; e ficaram com ele aquele dia, sendo mais ou menos a hora décima. Era André, o irmão de Simão Pedro, um dos dois que tinham ouvido o testemunho de João e seguido Jesus. Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias ( que quer dizer Cristo ), e o levou a Jesus. Olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, o filho de João; tu serás chamado Cefas ( que quer dizer Pedro ) João 1:35-42a .
INTRODUÇÃO
Temos diante de nós mais um dos apóstolos de Jesus que também precisamos meditar sobre sua vida e ministério. Temos o apóstolo que mais trabalhou nos bastidores do ministério de evangelismo sem se opor a isso. John MacArthur (2016; pág. 102) diz que:
André é o retrato perfeito daqueles que trabalham em silêncio nos lugares humildes “não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus” (Efésios 6:6); Era uma daquelas pessoas raras dispostas a ficar em segundo lugar e dar apoio. Ele não se importava em ficar escondido, desde que o trabalho estivesse sendo realizado.
Os versículos que narram à chamada de André estão sempre mencionando outros, além do próprio André; raramente, encontra-se alguma menção de sua participação no círculo dos discípulos.
Em face da escassez de informações bíblicas sobre seu perfil e discipulado, a tradição medieval acabou desenhando o contorno de André a partir do testemunho do evangelho de João 1:40-42, definindo-o como o pai das missões apostólicas.
Por não termos registros detalhados das ações do apóstolo André no Novo Testamento, não significa que ele não tenha cumprido um papel importante no ministério de Jesus e na propagação do evangelho no reino de Deus.
O que é importante observarmos é a maneira que André agia e de onde ele agia. Ele também era um líder nato, tanto é que ele esta na primeira lista de quatro discípulos de Jesus e também esteve envolvido nos momentos cruciais do ministério de Jesus. A característica do seu ministério acontecia em num lugar que nem todos estão dispostos a trabalhar – nos bastidores.
André era uma peça fundamental no ministério de Jesus, agindo nos bastidores do ministério, fazendo com que pessoas pudessem conhecer o Mestre de maneira que, de outra forma não teriam a mesma oportunidade. André era o apóstolo dos bastidores.
Olharemos para a narrativa do apóstolo João para conhecermos André, o apóstolo dos bastidores.
I. QUEM ERA ANDRÉ ANTES DE SEU APOSTOLADO.
André era nativo de Betsaida, na Galiléia (João 1:44), mas posteriormente viveu em Cafarnaum, onde, juntamente com seu irmão, trabalhava como pescador (Mt 4:18);
André é irmão de Simão Pedro e o menos conhecido dos quatro apóstolos do primeiro grupo;
Antes do apostolado André era discípulo de João Batista (João 1:35; 40);
Assim como João Batista, André também esperava a manifestação do Messias. Por assim dizer, André após ouvir a mensagem de João Batista e contemplar as multidões que, como rebanhos, deixavam as cidades da Judéia em busca de auxílio espiritual, ele também se preparou para o evento que, em breve, mudaria sua vida;
É de supor que os discípulos mais íntimos de João Batista, especialmente aqueles que, como André, tornaram-se mais tarde seguidores de Jesus;
João Batista já havia dito nos termos mais claros e diretos que era apenas um precursor do Messias, e que não era o Messias; tinha vindo apenas para lhes preparar o caminho;
André, um dos discípulos de João Batista, estava envolvido pela emoção da expectativa messiânica, aguardando apenas que a Pessoa certa fosse identificada; porém, enquanto esse dia não chegasse, ele era um seguidor fiel e companheiro de João Batista.
André também era um alvo da graça salvadora de Deus. Ele também ansiava pelo seu Libertador. Era um simples pescador de peixe que encontrou nas palavras de João Batista a motivação para abandonar o que estava fazendo e dedicar sua vida para servir e ser suporte no reino de Deus, mesmo que por um momento estivesse servindo ao simples profeta enviado.
André era um servo que também não se importava de ser apenas um porta-voz no reino de Deus. Ele, por assim dizer, não procurava os lugares de honra e os palcos da vida. Seu anseio sempre esteve em conhecer e fazer conhecido o Messias encarnado.
Num primeiro momento temos André como seguidor ou discípulo de João Batista e ambos desejando a mesma coisa – Conhecer e receber o Messias que salvaria suas vidas. Agora, seus anseios se concretizam com a chegada e confirmação por João Batista, do Messias.
André agora passa para uma nova fase em sua vida e seu ministério toma um novo rumo. Vejamos:
II. QUEM ANDRÉ SE TORNOU DEPOIS DE SEU APOSTOLADO.
João Batista olha pra Jesus e diz “... Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29); agora, André tem a confirmação de que o Messias chegou;
É interessante observar que André era um discípulo de João Batista; após a chegada de Jesus André passa a ‘seguir’ a Jesus (Jo 1:37); veja que ele, mesmo com a chegada de Jesus, ainda não foi chamado para ser apóstolo;
O texto do evangelista João diz que Jesus percebeu que André e os demais discípulos de João Batista O seguiam perguntou-lhes: “... que buscais”; a resposta imediata deles foi: “Rabi” (que quer dizer mestre);
Veja que a partir do testemunho de João Batista, André e os demais iniciam a jornada de se tornarem discípulos de Jesus. A ideia de seguir a Jesus vai tomando novas proporções à medida que o evangelho progride na vida deles;
André e o outro discípulo, provavelmente João (que também se tornaria um apóstolo), tiveram o privilégio de passar a tarde e a noite em comunhão particular com Jesus e partiram convencidos de que haviam achado o verdadeiro Messias. Eles encontraram, conheceram e começaram a ser ensinados por Jesus naquele mesmo dia;
Somente depois de algum tempo, mais especificamente após a tentação de Jesus no deserto, André é comissionado para ser um apóstolo – ou seja, um enviado no Reino de Deus para testemunhar e anunciar as Boas Novas (Mar 1:16-18);
André convencido de que havia encontrado o Messias, não perde tempo em, também levar esta notícia ao seu irmão Simão Pedro (João 1:41-42a). André não se conteve em ter achado o Messias e desfrutado de seus ensinos, também quis que outros pudessem ter o mesmo privilégio e oportunidade, ao começar pelos de sua casa em primeiro lugar.
Três lições são aprendidas com o apostolado de André:
André já era alguém sedento pelo Salvador. De alguma forma Deus – o Pai, já estava operando o milagre da salvação em sua vida e lhes enviando o Seu Salvador (João 17:6-9). Veja que, ao seguir João Batista, ele na verdade estava atrás do “verdadeiro Messias”;
Em André não havia a ambição egoísta de um Salvador apenas pra si. Observe que a primeira coisa que André fez chamar seu próprio irmão, Simão, a quem disse: “Achamos o Messias”. A notícia era boa demais para ele guarda-la só para si;
André é comissionado por Jesus para ser pescador de homens. Jesus convoca André no inicio de Seu ministério para estar com Ele, e Ele o capacitaria para ser pescador de homens no Reino de Deus.
André também cumpre um papel importante na missão que Jesus lhe dera. Vejamos:
III. QUAL A IMPORTÂNCIA DE ANDRÉ NA MISSÃO DO REINO.
André, em se tratando de pessoas, apreciava plenamente o valor de uma única alma;
Ele era conhecido por levar indivíduos, e não multidões, a Jesus. Sua prioridade estava em levar pessoa por pessoa ao Mestre – talvez esse seja um diferencial que ainda precisa ser imitado por nós nos dias atuais;
É importante nos lembrar de que a primeira coisa que André fez ao descobrir Cristo foi buscar seu irmão, Simão Pedro. Isso indica o estilo do ministério de André;
Quando Jesus alimentou a multidão de cinco mil pessoas, foi André quem levou o menino até o Senhor Jesus (João 6:9);
Alguns gregos que procuraram Filipe (outro apóstolo) e pediram para ver Jesus; porém, ao pedirem para Filipe leva-los até Jesus para vê-lo, Filipe procura André primeiro e, depois, André e Filipe comunica a Jesus (João 12:20-22). Vale ressaltar que, enquanto Filipe ainda estava vendo a possibilidade de levar os gregos a Jesus ou não, André de imediato os leva;
Não há dúvidas de que a maneira mais eficaz de levar pessoas a Cristo é conduzi-las uma a uma, individualmente. A maior parte das pessoas vai a Cristo por conta de uma influência de um indivíduo.
André sabia pra quem levar os perdidos; sabia pra quem recorrer quando em necessidade. André tinha pressa e urgência em levar as pessoas para também conhecerem a Jesus. Hoje precisamos dessa mesma percepção que André teve em seu tempo. Precisamos levar as pessoas a Jesus e não a nós mesmos, pois esse é o verdadeiro discipulado cristão: quando seguimos a Jesus e levamos outros a segui-lo como seus discípulos.
CONCLUSÃO
André é o retrato perfeito daqueles que trabalham em silêncio nos bastidores, “não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus” (Efésios 6:6). Ele não era uma coluna impressionante como Pedro, Tiago e João. Era uma pedra mais humilde. Era uma daquelas pessoas raras dispostas a ficar em segundo lugar e dar apoio. Ele não se importava em ficar escondido, desde que o trabalho estivesse sendo realizado. Essa é uma lição que muitos cristãos de hoje fazem bem em aprender.
Jesus ensinou aos seus discípulos: “Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos” (Mar 9:35). É preciso um tipo especial de pessoa para ser um líder com um coração de servo. Assim era André.
André jamais pregou para multidões ou fundou igrejas. Ele nunca escreveu uma epístola. Não é mencionado no livro de Atos nem em qualquer uma das epístolas. No entanto, por meio dele Pedro teve um encontro com Jesus; por seu intermédio os gregos (gentios) foram levados até o Mestre. Seja qual for o papel que tenha desempenhado na igreja primitiva, ele permaneceu nos bastidores contribuindo para que pessoas ouvissem o evangelho do Reino de Deus.
Segundo Eusébio, historiador da igreja na Antiguidade, diz que André levou a Cristo a esposa de um governador romano, enfurecido, ele exigiu que sua esposa renunciasse sua devoção a Jesus Cristo e ela se recusou. O romano ordenou que André fosse crucificado. De acordo com as ordens do governador, aqueles que crucificaram o apóstolo, amarraram-no à cruz e vez de pregá-lo a fim de prolongar seu sofrimento; diz à tradição que se tratava de uma cruz em forma de X.
André, mesmo nos bastidores, glorificou a Deus levando pessoas à Cristo Jesus; mesmo nos bastidores, honrou o nome do Senhor ao seguir o Mestre e morrer em favor de seu evangelho. Que tenhamos mais pessoas como André que não se importava em trabalhar nos bastidores do ministério.
BIBLIOGRAFIA
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