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Foto do escritorRev. Luiz Henrique

Fé Reformada | O que é uma igreja reformada? | Parte I

Atualizado: 9 de mai. de 2023

Em nosso último encontro estudamos sobre o tema “o que é um reformado de verdade”, e trabalhos o sentido legítimo do que significa ser reformado de verdade e suas aplicações. Concluímos nosso estudo dizendo que:

O verdadeiro cristão reformado abraça o propósito eterno do Deus soberano ao viver para a sua glória. Ele tem uma mente focada na majestade de Deus. Tem um espírito que lamenta o fato de o pecado existir no mundo. Tem um coração que é cheio de gratidão pela graça de Deus; e tem uma vontade que se submete ao seu santo propósito. Em outras palavras, o verdadeiro cristão reformado é uma pessoa cuja vida, como um todo, é dedicada para a glória de Deus. Ele não apenas reconhece a glória de Deus, mas também é zeloso em promovê-la.

Agora, estudaremos a maneira como uma igreja se qualifica como reformada, pois, não apenas os membros dessa igreja precisam ter uma mente centrada em Deus, mas também toda a estrutura eclesiástica da igreja e sua cosmovisão precisam serem reformados. É quase que impossível dizer que os membros seguem uma cosmovisão reformada de mundo e de si mesmo, mas a igreja como um todo não segue a mesma linha. Ou, o contrário também é quase que impossível de coexistir.

É natural que a igreja e seus membros caminhem juntos naquilo que creem e organizem toda sua estrutura eclesiástica e doutrinaria em torno desta perspectiva. Caso contrário, teremos uma igreja sem identidade confessional, com membros sem uma cosmovisão saudável e, então, o caos estará instalado na igreja do Senhor.

Portanto, é de extrema importância que também sejamos uma igreja com uma cosmovisão reformada, além de apenas seus membros e congregados. Somente quando nossa confissão de fé e nossa prática daquilo que defendemos como sendo verdadeiros, biblicamente falando, estiverem de mãos dadas e centradas em Deus, que viveremos e agiremos de maneira saudável e legítima na sociedade em que vivemos.

Não é estranho que mencionemos o grande reformador João Calvino em nosso estudo, até porque – conforme se vê na história da reforma protestante – ele teve maior influência.

Lutero não tinha a intenção de iniciar uma nova igreja quando pregou suas 95 teses no ano de 1517 na parede do Castelo de Wittenberg. O protesto de Lutero, porém, soou com autoridade, baseado em sua própria e profunda busca pela verdade. Suas convicções de que, para ser fiel ao Senhor, a igreja deveria estar baseada na autoridade absoluta das Escrituras apenas, causou alguns desconfortos a autoridades religiosas de seu tempo.

Essas convicções de Lutero, fizeram com tivesse que deixar a igreja de Roma em 1520 e um novo movimento estava a caminho, a partir de seus seguidores. Depois de alguns anos, infelizmente ocorreu uma divisão entre as novas igrejas associadas a Lutero (luteranos) e os grupos que trabalhavam na Reforma na Suíça e outras partes da Europa; é nesse exato momento que o eventual líder das igrejas Reformadas surge: o reformador francês João Calvino.

A influência de Calvino sobre os líderes da Reforma que iam surgindo foi enorme. Calvino, o principal professor da igreja de Genebra, influenciou muitos líderes da Reforma que iam surgindo. A doutrina que emanava de Genebra tinha enorme aceitação e jovens líderes zelosos e talentosos dirigia-se a Genebra para escapar da hostilidade contra os protestantes em seus países de origem.

Os que, em Genebra, adquiriam conhecimento e zelo pela Palavra de Deus, finalmente retomavam para as suas casas como cuidadosos mestres da Palavra, ansiosos por verem seus compatriotas sob a verdadeira fé em Cristo e reformados em uma verdadeira igreja. Essas igrejas receberam diferentes nomes – presbiterianos na Escócia e na Irlanda; puritanos na Inglaterra; Igreja Reformada na Holanda, Alemanha, Suíça, Hungria e Polônia.

Uma igreja reformada tem suas convicções alicerçadas em alguns pilares importantes que os reformadores do século XVI abraçaram e modelaram suas convicções doutrinarias com base nesses pilares. Estudaremos cada um deles em partes, nos próximos encontros. Hoje, meditaremos sobre o primeiro pilar. Vejamos:


As Escrituras


A Confissão de fé de Westminster, em seu primeiro artigo, começa falando o seguinte:

Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, e tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo<1>.

É importante que notemos que ela não começa seus artigos/fundamentos de fé falando sobre o ser de Deus, mas por sua Palavra. Isso se dá porque só é possível conhecer a Deus mediante a Sua revelação. A Bíblia é o registro inspirado por Deus a homens santos, desta revelação. Portanto, tudo o que sabemos de Deus, só o sabemos porque Ele antes, o revelou. Fez isso por meio do Espírito Santo ao inspirar homens santos para que registrassem essa revelação. Não existe outro meio de se conhecer a Deus e conhecer sua obra. As Escrituras Sagradas, do Antigo ao Novo Testamento (66 livros), descrevem toda a vontade de Deus ao mundo criado, ao homem de modo geral e a sua igreja.

O Rev. Paulo Anglada (2013, pág. 38) diz a seguinte questão:

Embora, tudo o que precisamos saber sobre Deus tenha sido revelado por ele e registrado por homens santos movidos pelo Espírito Santo – inspiração, Deus não revelou tudo sobre si. O que está a nossa disposição é o que precisamos para nossa edificação e cumprimento da vontade do Senhor; ou seja, o conhecimento de Deus e sobre Deus é muito maior do que recebemos – Dt 29.29, Sl 139.

Portanto, uma igreja reformada tem seus alicerces firmados na Palavra de Deus. Sendo assim, ela deve ser submissa as Escrituras como sua absoluta autoridade em todos os assuntos de fé e prática. Foi desta forma que os reformadores se posicionaram diante da usurpação dos papas em se colocarem como autoridade máxima da igreja.


Conclusão


Embora seja primariamente uma revelação de Deus e seu plano para trazer a salvação para a terra, a Bíblia toca, pelo menos em princípio, em todas as áreas da vida, servindo, portanto, como a principal fonte para se desenvolver uma cosmovisão e filosofia adequadas.

Sendo assim, partindo da convicção de que o conteúdo das Escrituras poderia ser compreendido e estudado, as igrejas reformadas estavam dispostas a afirmar esse conteúdo em credos e confissões. Entre os mais conhecidos estão o Catecismo de Heidelberg (1563) e a Confissão de fé de Westminster e seus Catecismos (1646), adotados pelas igrejas presbiterianas.

Portanto, o ensino reformado sobre as Escrituras enfatiza que o “testemunho do Espírito Santo”, em vez de provas racionais, estabelece a autoridade das Escrituras. Isso significa finalmente a nossa submissão para com a Bíblia, porque o Espírito Santo dentro de nós dá testemunho dela como sendo um livro inspirado por ele.


Aplicação

  1. Uma igreja reformada tem como fonte única de fé e prática, as Escrituras Sagradas, por entender que se trata da revelação dada por Deus, recebida por inspiração e registrada por homens santos, movidos pelo Espírito Santo.

  2. Uma igreja reformada compreende que só podemos conhecer a Deus e sua vontade por meio das Escrituras, porque “...Pois o que se pode conhecer sobre Deus é manifesto <...> porque Deus lhes manifestou” (Rm 1.19 ).

  3. Uma igreja reformada submete todas as áreas do seu conhecimento as Escrituras Sagradas. Questões mais difíceis são respondidas a luz das Escrituras. Tudo o que precisamos para salvação, disciplina e nosso testemunho no mundo, é regido pela Palavra de Deus.

 

<1> de Westminster, Assembleia. Confissão de Fé de Westminster. Edição do Kindle.

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