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  • Foto do escritorRev. Luiz Henrique

Fiquem firmes | Efésios 6.14

Introdução

A verdade de Deus está cada vez mais sendo esquecida e/ou distorcida pelo homem. Foi assim no Éden e tem sido até hoje. Satanás e seus agentes malignos têm lançado a semente do engano na mente do homem e tem ganhado essa batalha dia a dia.

Infelizmente, muitos cristãos têm cedido aos enganos do diabo quando abre sua mente e coração para as “novidades” contemporânea do presente século. O que no passado foi estabelecido como regra de fé e prática para cada filho de Deus viver, agora tem sido substituído por pensamentos modernos que não têm semelhança com o que nos foi dado por Deus.

Como cristãos, não podemos nos esquecer que o Diabo é o pai da mentira e que fomos libertos pela verdade do evangelho que, em sua essência, fala daquele que é a Verdade, o Caminho e a Vida, como diz o próprio Jesus (João 14.6). Precisa ficar claro em nossa mente que há uma guerra sendo travada e que somos chamados a batalhar por esta fé que nos foi dada (Jd 1.3).

O Dr. Matthew Henry (2008, pág. 604), diz o seguinte:

Nós lutamos com as adversidades da vida humana. Não é a nossa vida cristã uma verdadeira guerra? Certamente! Nós lutamos contra a oposição dos poderes das trevas e contra os muitos inimigos que querem nos manter afastados de Deus e do céu. Temos inimigos que devemos combater, um capitão por que pelejar, uma bandeira para defender e certas regras de guerra a seguir.

É, portanto, importante que venhamos nos vestir de toda a armadura de Deus; e o propósito disto não é apenas para nos manter protegidos e longe do perigo, mas em nos equipar para a batalha que é real e “...para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo” (v.11b).

Perceba que a verdadeira batalha acontece “antes” do confronto entre as partes. Paulo nos convoca a vestir de toda a armadura de Deus para nos manter alertas e firmes contra “as ciladas”, o que antecede a ruína. Uma vez que não nos precavemos antecipadamente, é natural que enfrentemos batalhas que nos causam feridas.

A fim de interpretar corretamente o que o apóstolo quis ensinar sobre esta batalha, devemos ter em mente que a igreja e Satanás são inimigos declarados. Lançam-se um contra o outro. Se digladiam com violência!

O apóstolo Paulo mostra ‘por que’ os crentes devem, a qualquer custo, estar plenamente equipados para a batalha contra as forças do mal, agora vem a descrição das peças de sua armadura. Para isso, o apóstolo lança mão de seis metáforas derivadas da armadura do soldado romano, o legionário que partia fortemente armado para o campo de batalha.

Certamente que há também uma sétima arma, o clímax de todas - a oração. Contudo, está sétima arma ocupa um lugar especial, e não se usa para ela nenhuma figura ou metáfora.

Encontramos nesta parte um propósito imediato do pedido que Paulo faz e há duas figuras que ele utiliza como ilustração para que os crentes de seu tempo pudessem compreender a importância de vestir-se de toda a armadura de Deus. Vejamos:

Portanto, fiquem firmes.

É interessante este ponto tratado por Paulo - fiquem firmes. Pode-se deduzir que esse pedido está inteiramente ligado a duas coisas importantes: (1) o fato de que aqueles novos crentes precisavam manter-se constante na fé que receberam do Senhor, em razão de sua nova vida e caráter à luz de Cristo; e, (2) a questão de que tempos piores viriam em razão dos levantes do próprio diabo para os afastar da presença de Deus e que precisavam, acima de tudo, manterem-se firmados na esperança da volta de Cristo que, em breve se manifestaria para buscar o seus eleitos.

"Fiquem firmes", entretanto, é uma prerrogativa dos eleitos de Deus. Embora a nossa força vem do Senhor é, especificamente de todos que se encontram n'Ele, que são exigidos a constância e perseverança na fé. Paulo escreve à Timóteo dizendo: "Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (2Tm 3.12). Ou seja, estar firmado no Senhor é extremamente importante para todo cristão, pois só assim não seremos pegos de surpresas e, quando o maligno se manifestar contra nós, estaremos preparados revestidos de toda a armadura de Deus e fortalecidos no Senhor para mantermos n'Ele e encorajados a batalhar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.

Além de falar da importância de nos fortalecermos no Senhor, Paulo expõe como podemos nos fortalecer e nos preparar, fazendo algumas ilustrações desta verdade com a armadura dos guardas romanos. Vejamos:

Cingindo-se com a verdade.

A figura que o apóstolo utiliza é a de um soldado totalmente equipado e habilitado para uma batalha. Portanto, já fica implícito que cada crente deve estar plenamente equipado e habilitado para toda e qualquer batalha que vier sobre sua vida espiritual.

“Cingir-se” no texto em questão diz respeito a prender as vestes com uma cinta ou cinto. A intenção do cinto na armadura do soldado era firmar todas as partes de tal maneira que, enquanto estivesse em batalha, não se preocupasse em ter que ficar segurando com as mãos. O cinto, bem firme, garantia que tudo estivesse seguro e que não atrapalhasse o soldado durante as batalhas.

Este sinto, dentro do contexto que Paulo apresenta ao seu público alvo, tem a ver com a verdade pelo qual eles haviam sido evangelizados e salvos em Cristo Jesus. Perceba que o apóstolo diz:

11 nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, 12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; 13 em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; 14 o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória (Ef 1.11-14 ).

Ou seja, a verdade que precisava ser preservada e que sustentaria todas os demais pilares da vida cristã é o evangelho de Deus. Evangelho esse que nos libertou do império das trevas (Cl 1.13), nos deu vida abundante (Ef 2.1-10; Jo 10.10), nos perdoou os pecados (1Jo 1.9), nos regenerou por uma semente incorruptível (1Pe 1.23), nos fez assentar nos lugares celestiais (Ef 2.6) e nos santifica (Hb 2.11, 10.14).

A verdade deste evangelho é precisa estar cingida em nossa vida para que tenhamos condições de perseverar em todas as outras bençãos provindas de uma vida em Cristo Jesus.

O verdadeiro crente precisa firmar-se nesta verdade para não cair nas ciladas do diabo. Cingir-se desta verdade é a principal tarefa que cada servo do Senhor Jesus precisa para manter-se santificado e em fé inabalável.

A verdade de Deus, e não do mundo, deve conduzirmos a uma vida protegida contra as forças malignas e todo falso profeta com suas vãs doutrinas. Como comenta William Barclay<1>, assim como o cinto rodeava a túnica que rodeava a túnica do soldado e do qual pendia a espada, mantendo-o livre para movimentar-se, o cinto da verdade na vida cristã habilita o crente a movimentar-se entre os falsos profetas e ainda assim não ser pego de surpresa com as vãs doutrinas ensinadas por eles.

Uma igreja bíblica está plenamente equipada com a armadura de Deus, a começar pelo cinto da verdade, onde todos os outros pilares da vida cristã estão alicerçados. Portanto, para que sejamos fortalecidos no Senhor e na força do seu poder é necessário que nos equipemos com o cinto da verdade, pois é onde tudo está fundamentado – na verdade.

Paulo ainda apresenta mais uma peça da armadura que seus contemporâneos precisamos se vestir. Vejamos:

Vestindo a couraça da justiça.

A couraça era outra parte da armadura do soldado que protegia seus órgãos vitais e o coração. Uma vez que nos cingimos com o cinto da verdade, ou seja, temos plena consciência da verdade de Deus, agora se faz necessário guardar nosso coração e emoções nesta verdade.

Não adiantaria de nada um cinto na cintura do soldado para guardar a espada se, seus órgãos vitais também não fossem protegidos. Da mesma forma, não adianta de nada o cristão saber da verdade de Deus e não a praticar, deixando desprotegida a sua vida.

O grande interesse do maligno é mudar nossa mente e coração. Com a mente (intelecto) temos a sobriedade e a vigilância contra as artimanhas do diabo. Com o coração (sentimentos) temos as nossas emoções e convicções, onde nos mantemos consolidados e motivados ao exercício da fé, amor e esperança que nos une em um só corpo no Senhor.

A couraça da justiça que faz parte da armadura de Deus diz respeito à justiça divina derramada em Cristo Jesus, e não a nossa. A justiça imputada a nós é a de Cristo. A mesma que nos faz mais que vencedores e amados por Deus. Nossos pecados foram imputados em Cristo e fomos aceitos pelo Pai.

O apóstolo Paulo fala desta justiça dizendo: “e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24). Desta forma, entendemos que só é possível desfrutar da justiça divina aquele que foi resgatado pelo evangelho e, portanto, são procedentes da verdade e vivem em retidão. Ser fortalecido com a couraça da justiça significa viver conforme o novo homem criado segundo Deus, em Cristo Jesus. Em Jesus temos condições de viver essa justiça de amor, misericórdia e graça e salvação. Sem ele, conheceríamos apenas a justiça divina movida em ira e condenação.

Conclusão

Qual a importância de estar firmado com o cinto da verdade e a couraça da justiça?

  1. Sem uma verdade para guiar e nos habilitar como crentes verdadeiros e cristocêntrico não teríamos condições de identificar os falsos profetas e seus ensinos e perderíamos de vista a verdade de Deus em meio a muita relativização de temas como: aborto, homossexualismo e outros temas da atualidade.

  2. Tendo uma verdade a qual nos guiar e sustentar nossa fé, então podemos reconhecer a graça de Deus derramada por meio de Cristo Jesus. A nossa justiça não terá lugar dentro de nossa vida cristã porque estaremos alicerçados na justiça divina a qual protege toda a nossa concepção do amor de Deus.

 

<1> BARCLAY, William. The Letter to the Ephesians.

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