TEXTO BÍBLICO: Mateus 5.5 .
"Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra".
TEMA: OS MANSOS E SUA HERANÇA
INTRODUÇÃO
As bem-aventuranças nos ensinam a ter um comportamento profundamente triste em relação ao pecados que cometemos e nos ensina a rejeitá-lo da maneira correta, fazendo-nos compreender e absorver um comportamento que é Fruto do Espírito, que nos auxilia na vida cotidiana. Elas nos ajudam a ver o pecado como Deus vê e nos ajuda a trata-lo como Deus o trata. Aqueles que encobrem ou defendem o pecado estão, sem dúvida alguma, indo pelo caminho errado. Não devemos apenas nos entristecer com o pecado, mas também nos sujeitar a Deus com mansidão.
Está bem-aventurança lembra o Salmo 37.11 que diz: Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz. A mansidão em questão é a mansidão espiritual, que diz respeito a uma postura de humildade e submissão a Deus.
Humildade para Deus é aquela disposição de espírito com a qual aceitamos sua forma de lidar conosco como a melhor, sem, no entanto, disputar ou resistir. No AT, os humildes são aqueles que confiam inteiramente em Deus, mais do que em suas próprias forças, para defendê-los contra toda injustiça. Bondade ou humildade são opostos à arrogância e egoísmo e originam-se na confiança na bondade de Deus e no Seu controle sobre a situação. A pessoa bondosa não está centrada no seu ego. Isto é obra do Espírito Santo, não da “vontade humana” (Gl 5.23).
A cada bem-aventurança estudada, seu ensino e aplicação vão se tornando cada vez mais difíceis, uma vez que a obra de Deus em nós vai nos exigindo mudanças e comportamentos coerentes à fé que professamos.
QUEM SÃO OS MANSOS, DESCRITOS POR JESUS?
O Dr. Matthew Henry (2008, pág. 45), tem uma definição muito clara sobre o perfil daqueles que são mansos de espírito. Vejamos:
Os mansos são aqueles que tranquilamente se submetem a Deus, à sua Palavra e à sua vara, que seguem as suas orientações e que estão de acordo com os seus desígnios, e que são mansos com todos os homens (Tt 3.2); que podem suportar provocações sem se irritar e sem se deixar levar a qualquer indecência; que conseguem ficar tranquilos quando os outros estão acalorados; e, na sua paciência, mantêm o controle de suas próprias almas, quando mal podem ter controle sobre qualquer outra coisa. Estes são os mansos, que rara e dificilmente são provocados, mas são rápidos e facilmente tranquilizados; e que preferem perdoar vinte ofensas a vingar uma, seguindo a regra dos seus próprios espíritos.
Mansidão não é o mesmo que fraqueza, pois tanto Moisés quanto Jesus foram homens mansos (Nm 12.3; Mt 11.29). O adjetivo “manso” era usado pelos gregos para descrever um cavalo domado e se refere ao poder sob controle. A mansidão, por mais ridicularizada e subestimada que seja, tem uma tendência real de melhorar a nossa saúde, riqueza, o nosso conforto e a nossa segurança, até mesmo neste mundo.
Vale lembrar que essa bem-aventurança não se aplica a todos os homens porque é Fruto do Espírito na vida do homem regenerado; ou seja, o homem sem Deus e até aquele que está na igreja do Senhor mas não vive para o Senhor, não tem condições de manifestar esta bem-aventurança porque lhes fata o Espírito de Deus. Portanto, os efeitos desta bem-aventurança estão condicionados à vida no Espírito de Deus.
COMO UM MANSO DE ESPÍRITO SE COMPORTA DIANTE DAS TENTAÇÕES?
Como vimos, o manso de espírito é aquele que se submete à Deus e à sua Palavra; neste sentido, o manso de espírito é conhecedor do que Deus espera dele quanto ao seu relacionamento com Ele e, quanto à sua conduta neste mundo; pois, seu comportamento no mundo – onde há tentações, representará o que tem abraçado como submissão à Deus e Sua vontade.
Um manso se comporta no mundo de algumas maneiras praticas. Vejamos:
Ele busca a Deus – sua experiência com Deus é sólida suficiente para saber que a vida longe de Deus é a mais perto do inferno possível; desta forma, Ele busca a Deus com maior intensidade;
Ele reflete a graça de Deus – da mesma maneira que recebeu o perdão de Deus sem merecê-lo, o manso de espírito também perdoa seu próximo, mesmo não tendo do que se envergonhar, pois sabe que ao perdoar também proporciona a reconciliação e a comunhão com o infrator;
Nele transparece o caráter de Cristo – se Deus é o alvo de sua busca constante e a graça de Deus é o que rege seus relacionamentos, a próxima mudança será o seu caráter transformado; o manso de espírito transparecerá o perfil de alguém completamente distinto deste mundo e totalmente necessário para a verdadeira mudança interior;
Ele é conduzido pelo Espírito de Deus – o manso é auxiliado pelo Espírito de Deus em sua vida nos momentos difíceis, nos relacionamentos interpessoais, na oração a Deus e meditação em Sua Palavra; e, principalmente, em sua santificação diária, pois nada disso ocorrerá sem a ação do Espírito de Deus e é por isso que entendemos que somente aqueles que estão em Cristo podem manifestar o Fruto do Espírito.
QUE TIPO DE HERANÇA OS MANSOS DE ESPIRITO RECEBEM?
Esta é a primeira e única bem-aventurança a mencionar bênçãos terrenas como recompensa de uma vida com Deus; e, embora a recompensa seja a terra como herança, ainda assim os mansos de espírito “herdarão” no sentido de ainda não terem recebido. Esta bem-aventurança tem um sentido escatológico como aplicação na vida do bem-aventurado como sinal de prosperidade e vitória.
Embora a terra que conhecemos nesta vida tem nos maltratado com os pesares e dificuldades que enfrentamos diariamente, estar em Cristo já nos faz mais que vencedores neste mundo. O homem que é realmente manso é o homem que sempre vive satisfeito, é o homem que se sente contente em tudo, mesmo nas horas e momentos difíceis desta vida; nesse sentido, os mansos já são herdeiros da terra na vida presente.
O apóstolo Paulo expressou essa verdade aos coríntios quando diz:
1 E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus 2 (porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação); 3 não dando nós nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o ministério não seja censurado. 4 Pelo contrário, em tudo recomendando-nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias, 5 nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, 6 na pureza, no saber, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido, 7 na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; 8 por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; 9 como desconhecidos e, entretanto, bem conhecidos; como se estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; 10 entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo (2 Coríntios 6.1-10 ).
Está é, segundo Paulo, uma visão de herança na vida do crente em Jesus. O bem-aventurado vive nesta visão de mundo, uma vez que Cristo é o Senhor de sua vida; portanto, somos todos participantes da alegria e contentamento por estarmos em Deus, na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo, e na consolidação e manifestação do Espírito Santo como nosso Consolador. 8/
CONCLUSÃO
Os mansos são aqueles que não se impõem sobre os outros a fim de promoverem seus próprios interesses com base na força, mas que, não obstante, herdarão a terra por confiarem que Deus tem o controle sobre os resultados dos acontecimentos.
Os mansos vivem nesta terra com a alegria dos céus em seus corações, por saberem que tudo está nas mãos de Deus e cooperam para o nosso bem; eles louvam em tempos de tristeza e dor; eles contribuem e compartilham com seus irmãos, em tempos de escarces; eles firmam suas vidas na Palavra de Deus e são mantidos pelo Espírito de Deus, enquanto mantém viva a esperança da volta de seu Senhor e Mestre, Jesus Cristo.
BIBLIOGRAFIA
CHAMPLIN, Russel Norman, 1993. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo, Volume 1: artigos introdutórios, Mateus, Marcus / Russel Norman Champlin. São Paulo, SP: Hagnos, 2014.
Estudos no Sermão do Monte. Traduzido do original em inglês “Studio in the Sermon on the Mount”, por D. Martyn
Lloyd-Jones; Editora Fiel, 2014.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico: Novo Testamento – Mateus a João; tradução de Degmar Ribas Júnior. 1ª edição – Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2008.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo:
Novo Testamento, volume I / Warren W. Wiersbe – traduzido por Susana E. Klassen. Santo André, SP: Geográfica editora, 2006.
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