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  • Foto do escritorRev. Luiz Henrique

Capítulo 1: A revelação de Deus | Estudos na CFW (1643-1649)

Atualizado: 9 de mai. de 2023


João Calvino (2019, p. 9) falando sobre as Escrituras disse que “...nosso saber não deve ser outra coisa senão abraçar com branda docilidade, e certamente sem restrição, tudo quanto foi ensinado nas Sagradas Escrituras”. Para Calvino, tudo o que precisamos saber e o que precisa ocupar a nossa mente estão disponíveis nas Escrituras.

Desta forma, podemos nos lembrar do que Paulo também disse aos colossenses sobre este mesmo tópico, quando diz: “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.2 ). O que Paulo está dizendo é que devemos ocupar a nossa mente com as coisas concernentes a nossa nova vida em Cristo Jesus. Isto não significa que nosso viver vai se voltar apenas para os assuntos relacionados a igreja, mas que tudo o que nos propormos a fazer e viver estará sujeito ao que esta nova vida em Cristo nos permite ser e fazer; e as Escrituras Sagradas nos ajudam neste ponto, pois elas são o nosso manual de fé e pratica.

No contexto atual em que vivemos se faz necessário termos uma confessionalidade bíblica e reformada, tendo em vista a pluralidade de ideias – até dentro das igrejas­ – sobre assuntos que envolvem a criação de filhos, casamento, sexualidade; questões éticas como o aborto, suicídio, homossexualismo e outro.

O capítulo primeiro da CFW diz:

SEÇÃO I. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.

Sl 19:1-3; Rm 1:19-20; Rm 1:32; Rm 2:1; Rm 2:14-15; 1 Co 1:21; 1 Co 2:13-14; Hb 1:1; Pv 22:19-21; Is 8:19-20; Mt 4:4,7,10; Lc 1:3-4; Rm 15:4; 2 Tm 3:15; 2 Pe 1:19; Hb 1:1-2.


i. Revelação


A CFW começa com o ponto principal e oriundo de toda a teologia que é a Revelação da Palavra de Deus por meio das Escrituras Sagradas. Enquanto muitos partem do ponto sobre o Ser de Deus e seus atributos, a CFW tem como premissa a base de todo esse conhecimento sobre Deus e suas obras nas Escrituras Sagradas, pois é por meio dela que recebemos tal conhecimento acerca de Deus e sua obra – Dt 29.29. Porém, a CFW destaca duas verdades a respeito da aplicação desta revelação, que são: Revelação geral e Revelação especial de Deus. Vejamos:


ii. Revelação geral de Deus


A primeira parte deste primeiro ponto da CFW fala da manifestação de Deus de maneira geral, dentro da natureza. A CFW diz: “...a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus...”. Portanto, é possível para o homem ter um conhecimento básico a respeito de Deus apenas olhando e contemplando a natureza – Sl 19.1-4; Rm 1.19-20.

Entretanto, essa revelação elementar de Deus, à luz da natureza, não é suficiente para que o homem tenha um envolvimento relacional com Deus e ser redimido por ele. A própria CFW também diz que este conhecimento “...não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação...”; com isso, “...os homens ficam inescusáveis...” – Rm 1.20b-21.

O homem pode até chegar à conclusão de que Deus existe e que tudo ao nosso redor só poderia vir de um ser superior, com uma mente superior e capacidade criativa superior. Mas esse conhecimento não o levará a contemplar a Deus plenamente, nem compreender a Sua obra e o propósito da vida, porque encontra-se cego espiritualmente – Jo 3.1-3. Essa cegueira espiritual do homem é parte do juízo de Deus em consequência de seu pecado – Dt 28.28. É por essa razão que a revelação geral de Deus não é suficiente para a salvação deste homem; sendo necessária uma revelação especial da parte de Deus. Vejamos:


iii. Revelação especial


A CFW continua dizendo “...por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade...” – Hb 1.1; 1Co 2.13-14, essa vontade diz respeito ao plano de Deus de alcançar o homem caído, redimindo-o de seu pecado, restaurando-o de sua condição e habilitando-o a conhecer o seu Criador por meio de Cristo, nas Escrituras. Desta forma, todos os outros meios de Deus revelar a sua vontade foram cessados, sendo possível apenas conhecer o que já revelou por meio de seu Filho e registrado nas Escrituras – Jo 1.1; Hb 1.2; 1Co 1.21.

A CFW, falando da preservação desta vontade revelada de maneira especial, com o fim de que ela fosse propagada em gerações futuras e usada pela igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, ela diz “...foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo” – Rm 15.4; Lc 1.3-4; Hb 1.2.


Conclusão


Desta maneira, conforme a CFW declara, só podemos ter um conhecimento acerca de quem é de Deus e conhecer a sua vontade por meio das Escrituras. Elas nos revelam o salvador e a obra redentiva de Deus. A CFW nos ajudam a sistematizar essa verdade de maneira tal que possamos melhor apresentar nossa cosmovisão de Deus e do homem.

O que é declarado pela CFW não tem como base a particular elucidação de um grupo de homens, mas as Escrituras Sagradas, pois elas são o fundamento de nossa fé e a nossa regra de prática cristã.


 

Bibliografia

  • Guimarães, José Antônio Lucas. Confissão de Fé de Westminster: Edição com reflexões de João Calvino. São Paulo, SP. Edição do Kindle, 2019.

  • de Westminster, Assembleia. Confissão de Fé de Westminster, Londres, 1643-1649. Edição do Kindle.

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