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  • Foto do escritorRev. Luiz Henrique

Não façam juramentos – Tiago 5.12.

12 Acima de tudo, meus irmãos, não jurem nem pelo céu, nem pela terra, nem por outra coisa qualquer, mas que o “sim” de vocês seja “sim”, e que o “não” de vocês seja “não”, para que vocês não incorram em condenação.

Introdução

Houve um tempo onde bastava a “palavra” de uma pessoa para que acordos fossem firmados e cumpridos. Hoje em dia, nem mesmo os contratos firmados em cartórios têm sido cumpridos. O que mudou? As palavras ou os homens?

Vez por outra somos informados pelos jornais de políticos que foram pegos em jogatinas e/ou manipulações em licitações para ganhos pessoais. Quando descoberto, faltam jurar pelo céu e a terra, sem falar na mãe ou qualquer outra coisa desta terra, para dizerem que não foram eles ou que não sabiam de nada.

É interessante que muitas vezes é exposto áudios e vídeos desses políticos em pleno flagrante, mas são hipócritas e mentirosos suficientes para afirmarem que não foram eles e que tudo não passou de um engano. Onde está a verdade? Por que é tão difícil para o homem viver por meio dela?

Tudo isso tem a ver com um grande problema da humanidade: o pecado. Com ele, enganamos, mentimos, fazemos juramentos inconsistentes e compactuamos com isso. Tudo isso diz respeito com a corrupção do homem. É nela que todos, sem Cristo, vivem e desfrutam de seus prazeres temporários. É com ela que o Maligno destrói relacionamentos e acaba com a vida do homem.

Qual a solução para esse grande problema da humanidade? Cristo Jesus!

O evangelho de Jesus Cristo nos convida a voltarmos a sermos homens e mulheres de “palavra”. Homens e mulheres verdadeiros em seus compromissos e que prezam pela verdade em tudo. Homens e mulheres que foram convertidos pela Palavra digna de aceitação do evangelho de Cristo (1Tm 4.9 ). Homens e mulheres que não precisam fazer juramentos para atestar uma verdade, pois em suas vidas ela é presente, preservada, defendida e proclamada.

É sobre viver e defender a verdade que Tiago escreve aos seus ouvintes originais, como também a nós, pois estamos diante de um texto inspirado pelo Espírito Santo, totalmente útil para nosso ensino e correção, a fim que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2Tm 3.15 ).

Tiago apresenta uma série de conselhos em suas palavras finais da carta, e começa com uma repreensão aos juramentos. Ele faz um link desse conselho com o terceiro mandamento do Senhor que diz: Não tome o nome do SENHOR, seu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão (Êx 20.7 ).

Tiago, neste momento, toca num costume dos tempos bíblicos: fazer juramento. Essa pratica tornou-se um problema na igreja, especialmente porque fazer juramentos era uma parte integral da cultura judaica, e os crentes judeus representavam um grande segmento da igreja antiga. Tiago, olhando para cristãos tentados a copiar essa pratica, lhes adverte sobre o perigo de se fazer qualquer tipo de juramento, e ensina que esses irmãos deveriam se distinguirem falando a verdade em tudo.

A Lei do Antigo Testamento prescrevia juramentos em algumas circunstâncias. A ordem de Tiago, portanto, não deve ser considerada como uma condenação universal aos juramentos em qualquer circunstância. O que Tiago proíbe aqui é o uso inconsequente, profano ou negligência de juramentos na fala diária.

Tiago está repetindo o ensino do próprio Jesus no Sermão da Montanha (Mateus 5.33-37), onde é ensinado aos discípulos que a verdade deve sempre está em seus lábios, não dando lugar para a inconsistências e hipocrisias nas palavras. O que passar do “sim” e do “não”, seja considerado procedente do Maligno.

Encontramos nesta passagem algumas lições importantes que nos ajudam a manifestar a fé salvífica e atuante, por meio de nossas vidas. Vejamos:

i. Uma advertência contra o juramento: ...não jurem nem pelo céu, nem pela terra, nem por outra coisa qualquer...

Nos tempos antigos, os judeus juravam “pelos céus”, “pela terra”, “por Jerusalém” ou “por suas próprias “cabeças”. Assim como Jesus, Tiago condena a prática dos juramentos falsos, evasivos e enganosos feitos por qualquer coisa;

Uma vez que pertencemos a Deus, por meio de Cristo Jesus, Ele deve ser a nossa única fonte de comprometimento. O juramento por qualquer coisa que não possamos controlar ou dominar, nos põe em descrédito e hipocrisia;

Perceba, o céu é a habitação de Deus, onde está o seu trono; a terra é o estrado de seus pés, onde Ele tem todo o domínio. Como podemos jurar, fazendo uso de tais elementos dos quais não possuímos? Qualquer outra coisa desta terra não tem maior valor do que a nossa própria palavra, uma vez que pertencemos àquele que é a verdade plena.

Pela Palavra Deus criou todas as coisas. Por meio dela Ele domina todas as coisas. Com a Palavra ele libertou os cativos. E é pela Palavra dele que firmamos nossas vidas, assim como nosso caráter também é moldado. Portanto, basta a Palavra de Deus, viva e eficaz em nossas vidas e em nossos lábios, para darmos garantias de que vivemos por meio da Verdade plena de Deus.

Certamente, Tiago não está condenando o ato do juramento em si, mas sim advertindo aqueles que usam disso para enganarem os outros, não cumprindo com as suas palavras. Ele deixa claro que o cristão deve ir além, demonstrando que é verdadeiro nas suas palavras sem que ele precise jurar pelo céu, pela terra ou por qualquer outro tipo de voto para terem a confiança do próximo.

Portanto, meus amados irmãos, como diz Tiago: “...não jurem nem pelo céu, nem pela terra, nem por outra coisa qualquer...”.

É nesse propósito que Tiago chama seus ouvintes a dizer e viver em verdade plena. Vejamos:

ii. Um chamado a dizer e viver a verdade: ...mas que o “sim” de vocês sejam “sim”, e que o “não de vocês seja “não”.

A melhor maneira de demonstrar que falamos a verdade sob quaisquer compromissos e circunstâncias, é vivendo na verdade. Eis a razão de nossa fé muitas vezes sofrer variações: o fato de não vivermos na verdade plena do evangelho.

Viver na verdade plena do evangelho nos levará a concordar e compartilhar apenas a verdade. Para muitos, isso é quase que impossível, pois viver e compartilhar a verdade envolve um compromisso que não estão dispostos a cumprir. Há muitos crentes que precisam reafirmar em suas vidas os significados da palavra “sim” e “não”, pois vivem de maneira inconstante em sua maneira de se comportar diante dos conflitos na vida e em meio questionamentos.

A palavra “sim” tem haver com “segurança no que se fala; e está relacionada a afirmações positivas”. O contrário, é a palavra “não”, embora também se relacione com a verdade, pois sua aplicação correta traz respostas pontuais e positivas. Portanto, o crente deve ser aquele que, por zelar e praticar a verdade, as pessoas naturalmente confiem nele, pois o “sim” dele realmente é “sim”, e o “não” dele realmente é “não”.

Viver e falar a verdade são características dos filhos de Deus. Como orienta o apóstolo Paulo: Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros (Ef 4.25 ). Perceba que uma das razões para se falar a verdade está relacionada ao fato de fazermos parte uns dos outros, como membros; ou seja, se mentimos, prejudicamos os demais membros do corpo; se falamos a verdade, edificamos uns aos outros. Pra que isso aconteça, é necessário que abandonemos a mentira, e em lugar dela, agarremos a verdade para sempre.

Viver e dizer a verdade deve fazer parte da vida do novo crente em Jesus. No passado, onde só haviam mentiras e enganos, estávamos sendo usados como instrumentos do Maligno para prejudicar nosso próximo, em benefício do nosso próprio “eu”. Agora, em uma nova vida em Cristo, a verdade é o nosso lema, pois como diz o próprio Jesus: e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (João 8.32 ).

Portanto, quando Tiago nos convoca a “não jurar”, ele está nos chamando a dizer e viver a verdade; pois se precisarmos do céu e da terra, ou qualquer outra coisa para testificar nossa palavra, então a verdade já não faz parte de nossa vida há muito tempo.

É por essa e outras razões que Tiago finaliza essa parte do texto apontando um urgente alerta. Vejamos:

iii. Um alerta quanto as consequências de se fazer juramentos inconsistentes: ...para que vocês não incorram em condenação.

Devemos procurar sermos verdadeiros para não cairmos em juízo. Porque aquele que não cumpre o que promete é enganador e, em consequência disso, é réu da condenação eterna. Esse é um alerta que Tiago dá aos seus ouvintes como uma oportunidade disponível para que possam se arrepender de seus erros, enquanto há tempo.

Essa parte está ligada diretamente ao terceiro mandamento, que diz: Não tome o nome do Senhor, seu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão (Êxodo 20.7). Como dissemos antes, era comum, principalmente na cultura judaica, fazer juramentos em nome do “céu”, da “terra”, de “Jerusalém”, do “templo” e até em nome de “Deus”.

Segundo o Catecismo Maior de Westminster (P.114), o terceiro mandamento traz algumas razões anexas que nos alertam quanto ao uso em vão do Nome de Deus. Quais são elas? Vejamos:

As razões anexas ao terceiro mandamento, contidas nas palavras: “O Senhor, teu Deus” e “porque o Senhor não terá por inocente o que tomar seu nome em vão”, são que ele é o Senhor e nosso Deus; portanto, o seu Nome não deve ser profanado nem de forma alguma abusado por nós, especialmente porque ele estará tão longe de absolver e poupar os transgressores deste mandamento, que não os deixará escapar de seu justo juízo, embora muitos escapem das censuras e punições dos homens.

O terceiro mandamento nos alerta para a onisciência de Deus. É possível mentirmos aos homens e eles serem enganados, mas não para Deus. Fazer juramentos fazendo uso do nome de Deus como garantia não dará a veracidade necessária para tal artimanha e hipocrisia, pois Deus não tem conexão com a mentira.

Aqueles crentes, do tempo de Tiago, estavam sempre tentados a perder o domínio da língua, pecado este que já foi claramente exposto nos capítulos anteriores. É por essa razão a exortação prática do versículo 12. Eles deviam contentar-se em falar com simplicidade e verdade, abstendo-se de emitir juramentos, fosse em nome do céu ou da terra. Deviam ser tão verdadeiros e corretos que uma “simples palavra” fosse o bastante para ser acreditada.

O problema é que vivemos em um mundo de mentiras e estamos nos acostumando com ela, dia a dia. Devemos, como verdadeiros crentes em Jesus, repreender toda mentira e falsidade de nosso meio, e fazer uso da verdade plena do evangelho dentro de nós.

Conclusão

Podemos fazer três aplicações importantes dentro da perspectiva da necessidade de pôr a fé em ação. Vejamos:

  1. Fazer juramentos para atestar a suposta “verdade” só prova que de fato não temos e nem vivemos na verdade. É necessário, portanto, estar em Cristo Jesus e seguir a sua Palavra que liberta de todo engano e falsidade. Submetermos a palavra de Cristo nos caracterizará como verdadeiros filhos de Deus;

  2. A causa última de nossa falta de fé também envolve a falta da Verdade plena do evangelho, que nos ensina que tudo está sob o controle de Deus e que todo o poder e autoridade estão sob suas mãos. Viver “na verdade” é viver a Palavra viva e eficaz de Deus;

  3. Mesmo que a fé no julgamento, dos que vivem em desobediência e em mentira, seja uma realidade sobre eles, um dia estarão diante do justo juiz e darão contas de suas mentiras, enganos e mau uso do nome de Deus. Portanto, sejamos sóbrios e vigilantes para não cairmos em juízo.

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