Introdução
Diante de tantas calamidades da vida, buscamos refúgio em muitas coisas, das quais produzem em nós uma esperança, mesmo que vaga, mas importante para consolar nosso coração repleto de incertezas e angústias. Há, em todo lugar, convites à remédios, terapias, aconselhamentos e soluções rápidas para nossos problemas; porém, não totalmente. Sempre ficará a sensação de que nos falta algo.
Não é diferente na vida cristã. Sofremos um turbilhão de abalos e circunstâncias conflitantes e um tanto desagradáveis. Também recorremos a muitos meios de ajuda disponíveis diante de nós. Mas, a pergunta que nós fazemos é: TEMOS ENCONTRADO?
O apóstolo Paulo, numa tentativa de dar respostas ao homem recém convertido ao cristianismo e que se encontra confuso diante das muitas questões que o envolve, traça uma linha reta desde a nossa eleição até a nossa glorificação com Cristo no final de toda esta era.
Ele aborda diferentes temas da teologia para descrever ao seu público alvo a graça de Deus manifestada em seu plano de redenção por meio de Seu Filho, Jesus Cristo. Paulo não esquece de falar do Espírito Santo como nosso Consolador e aquele que nos auxilia no desenvolvimento da vida cristã.
Tão certo como foi a nossa Queda em Adão, assim é a nossa restauração em Cristo Jesus. Ao escrever aos efésios, Paulo diz que tudo foi feito conforme a plena vontade do Senhor. Isto significa dizer que Ele (Deus), em seu eterno poder e graça, esteve sempre pronto a nos socorrer, até de nós mesmos. Em última análise, a carta de Paulo aos efésios consola nossos corações ao descrever o poder, glória, majestade, graça e misericórdia de Deus sobre seus eleitos, como também, em dizer como devemos continuar nossa vida enquanto a segunda vinda de Cristo não acontece. É, portanto, crucial que sejamos fortalecidos no Senhor!
É por esse motivo que Paulo finaliza sua carta falando e recomendando alguns posicionamentos que todo crente em Jesus precisa se submeter enquanto a Vinda de nosso Senhor Jesus não acontece. Vale ressaltar que até mesmo o apóstolo Paulo se coloca como praticante destas recomendações que apresenta em sua carta, como coparticipante dos mesmos objetivos e circunstâncias que enfrentamos na vida cristã; pois ele não estava isento deles.
Ao analisarmos suas recomendações e apontamentos quanto ao que se deve ser e fazer enquanto aguardamos a chegado vitoriosa e final de Jesus Cristo, percebemos que ela não envolve planos redentores e salvíficos no sentido de complemento à nossa salvação; mas, suas orientações estão embasadas naquilo que ele mesmo citou anteriormente ao dizer: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados” (Ef 4.1).
“Andar de modo digno” aqui está relacionado ao caráter de Deus em nós; aquilo que está sendo trabalhado em toda nossa mente (intelecto), coração (sentimentos) e atitudes (posicionamentos) que, irão ou não, refletir nosso Criador e Senhor. Tudo isso tem a ver com a nossa santificação em meio a tantas circunstâncias que nos projetam para longe de Deus. A fé na obra e vida de Jesus nos possibilitará um caminhar progressivo da fé e obras, resultando em perseverança e santificação.
O que é necessário para tal compromisso? Como desenvolver na pratica tal responsabilidade? Como esse posicionamento pode nos conduzir a uma vida mais santa e ideal diante de Deus, do mundo e de nossos semelhantes?
No versículo em questão encontramos algumas respostas. Lembrando que as declarações ditas nesta parte final da carta aos Efésios são complementares ao que já foi dito anteriormente, desde o seu início. Não se pode interpretar o que será abordado separadamente como algo novo e dissociado do discurso completo.
É, portanto, de nossa responsabilidade a leitura e compreensão do que foi dito e explicado antes, para então, entender o todo de maneira linear e progressiva. Até porque o apóstolo começa sua discussão dizendo: “Quanto ao mais...”, isto significa que sua declaração agora complementa o que já foi dito, ao invés de traçar uma nova perspectiva doutrinária dentro do assunto ou até mesmo um novo assunto.
Basicamente, relacionado ao progresso da vida cristã, Paulo nos aponta como podemos nos qualificar para enfrentar as forças malignas e aguardar, com perseverança, a chegada de nosso Senhor. Vejamos:
i. A nossa dependência de fortalecimento – “...sede fortalecidos...” - Este ponto fala da necessidade de uma espiritualidade alimentada continuamente pela devoção à Deus ao meditarmos em sua Palavra e levarmos a Ele nossas súplicas e orações.
ii. A fonte desse fortalecimento – “...no Senhor...” - Temos aqui a importância de se reconhecer a fonte de alimento e renovo para nossa vida cristã, no que diz respeito a espiritualidade. Jesus Cristo não é apenas a fonte de nossa salvação, mas também, a nossa essencial sem a qual não existimos. Como diz o apóstolo João: "...sem Ele, nada do que foi feito se fez" (João 1.3). O apóstolo Paulo também fala sobre isso quando diz: "pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos..." (At 17.28).
iii. E a dimensão desse fortalecimento – “...força do seu poder” - Este ponto faz conexão com o que Paulo vem revelando sobre o ser de Deus e seus atributos. Note que quando menciona o "poder" de Deus ele descreve falando não do poder em si, mas da "força" do poder. O que Paulo pretende aqui é descrever com ênfase o poder de Deus que é totalmente distinto de qualquer poder e autoridade que seus ouvintes originais conheciam. Por exemplo: os guardas romanos a serviço de seu imperador (governador), com todos os aparatos de guerra e seu histórico de vitórias em batalhas. Diante deste poder que os homens conheciam estava um superior em força e aplicação, que é o poder de Deus. A força do poder de Deus compreende tudo o que conhecemos, inclusive nós mesmos, no sentido de que não há nada que ela não seja capaz de vencer e destruir, inclusive as forças malignas (descritas nos versículos seguintes), que nos cercam constantemente.
Conclusão
Não adianta nada queremos ser fortalecidos no Senhor sem progredirmos na vida cristã, como pessoas regeneradas e imitadores de Deus. O que nos possibilitará uma vida fortalecida e guardada até a vinda de Cristo é o nosso relacionamento e envolvimento direto com nosso Senhor Jesus. Do contrário, ficaremos apenas nos desejos e planejamentos, mas nunca agiremos como pessoas transformadas e muito mesmo conseguiremos perseverar na vida santificada.
Aplicação
Dependemos de Deus porque sem Ele nem existiríamos, muito menos teríamos vida, e vida em abundância.
Somos fortalecidos em Jesus porque Ele tem todo o poder Criador, sustentador e regenerador. Sem Ele, ainda estaríamos mortos em nossos delitos e pecados.
Para que haja progresso em nossa vida cristã, precisamos do Senhor e da força do seu poder, pois nossa vida ainda está vulnerável ao pecado e aos desejos carnais.
Que Deus em Cristo fortaleça nossas vidas, abundantemente!
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