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  • Foto do escritorRev. Luiz Henrique

O Fruto do Espírito | #01 | O verdadeiro amor

Introdução

É comum as pessoas definirem o Ser de Deus com uma única palavra: amor (Deus é amor), existe até uma igreja que esse título. Porém, de maneira muito errada, as pessoas assumem que o ‘amor’ é o atributo que mais define a Deus. Na verdade, o que elas estão declarando não é que Deus ‘é amor’, mas que esperam e precisam que Ele seja primordialmente ‘amor’ porque, do contrário, elas estariam perdidas e sem a quem recorrer.

Não é verdade que o amor é o atributo que melhor define o Ser de Deus, mas, é por causa de seu grande amor, que a sua bondade e misericórdia por pecadores como eu e você são claramente aplicadas.

J. I. Packer (2014, pág. 113), define o amor de Deus assim:

O amor de Deus é um exercício de sua bondade para com pecadores individualmente por meio do qual, tendo se identificado com seu bem-estar, ele deu seu Filho para ser seu salvador e, agora, faz com que eles o conheçam e desfrutem dele em uma relação pactual.

O ponto a ser percebido na definição que Packer faz é que o amor de Deus tem origem nele e que só pode ser aplicado por nós uma vez que compreendemos a sua origem e desfrutamos de seus efeitos, sejam eles redentivos e/ou relacionais.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos gálatas, faz sérias exortações quanto a pressa que aqueles crentes estavam em abandonar o evangelho que receberam com fidelidade; e, depois de exortar quanto ao verdadeiro evangelho que não escraviza, mas liberta, e ter mais uma vez lhes apresentado o evangelho que liberta, Paulo lhes fala das obras da carne – que são resultados do que eles realmente eram, sem Cristo, e do Fruto do Espírito como uma ação poderosa da parte de Deus na vida daquele que recebeu o verdadeiro evangelho.

Paulo diz que as obras da carne são resultado de uma vida pecaminosa totalmente pertencente a natureza humana. Mas, o fruto do Espírito é o oposto e que só é possível ser aplicado na vida daquele que, antes, o evangelho libertou. Por ser uma prerrogativa do Espírito, esse fruto só é perfeitamente aplicado com uma ação soberana da parte de Deus.

Portanto, esse fruto do Espírito está à nossa disposição para praticarmos, mas, a sua aplicação correta só será possível uma vez que compreendermos como ela funciona em sua fonte, ou seja, em Deus. Somos ensinados nas Escrituras a amar como Jesus amou. Textos como o de 1João 3.16<1> só terão sentido uma vez que compreendermos a sua aplicação em sua raiz.

Há algumas verdades que precisam serem refletidas biblicamente para se compreender melhor o amor de Deus que nos é ensinado a imitar. Vejamos:

i. O amor é essencial em Deus

O apóstolo João descreve Deus como sendo amor. O amor é a essência de Deus: Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor (1Jo 4.8). Deus não precisa necessariamente manifestar o seu amor aos homens, mas na sua essência ele é amor.

Os seres humanos possuem amor porque eles o receberam de Deus, mas o amor não é parte da essência deles, porque muitos vivem sem amor e não tem amor para dar. O amor que os serem humanos possuem é derivado, mas o de Deus é original, pertencendo à sua essência.

Portanto, quando somos ensinados a amar ou a viver o amor, precisamos compreender que o modo de amar e ser amado por nossos semelhantes não deve ser um amor de origem humana, por assim dizer, mas de Deus, pois só por meio do amor de Deus que poderemos amar e sermos amados verdadeiramente – sem ciúmes, invejas, partidarismos, egoísmos e malignos.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios diz o seguinte:

4 O amor é paciente e bondoso. O amor não arde em ciúmes, não se envaidece, não é orgulhoso, 5 não se conduz de forma inconveniente, não busca os seus interesses, não se irrita, não se ressente do mal. 6 O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. 7 O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1 Coríntios 13:4-7).

O amor de Deus é essencial nele e nós precisamos dele para podemos amar como ele nos amou e perdoar como ele nos perdoou.

ii. Os objetos do amor de Deus

O amor de Deus tem origem em si mesmo. A razão para o amor de Deus nunca está no objeto amado, mas em si mesmo, pois o amor faz parte da natureza de Deus. Ele ama e nunca cessa de amar porque o seu amor em sua essência.

O que podemos conhecer em relação ao amor de Deus diz respeito a sua manifestação desse amor em sua criação. “Nós amamos...”, como diz o apóstolo, “...porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19). Só podemos conhecer e aprender a amar uma vez que fomos alvos do amor de Deus.

Deus ama a si mesmo (a Trindade), como também sua criação (natureza, animais, humanidade). Por exemplo:

  1. O amor de Deus na Trindade – O amor de Deus em si mesmo é mais bem percebido quando observamos a Trindade (Deus Pai, Filho e Espírito); é um amor com manifestação interior e eterna porque já existia antes da fundação do mundo. Amor do Pai pelo Filho (Jo 3.35, 10.17, 15.9-10); e o amor do Filho pelo Pai (Jo 14.31). O apóstolo Paulo, sem muitas explicações, fala do “amor do Espírito” (Rm 15.30, que certamente abrange toda a Trindade.

  2. O amor de Deus na criação – Deus também expressa o seu amor em favor de toda a sua criação. Ao perceber o caos na terra, Ele dá ordens e tudo fica muito bom (Gn 1 – 2.1-3). Ao perceber a natureza sem quem a cultivasse, então Ele cria o homem segundo a sua imagem e semelhança (Gn 2.4-25). Tendo achado o homem caído por causa de seus muitos pecados, então Ele prova o seu amor enviando seu único Filho (Rm 5.8; Jo 3.16; 1Jo 4.9).

É porque Deus ama a si (Trindade) e a sua Criação (natureza, animais e humanidade), que podemos desfrutar de seu amor. Só podemos amar se, antes de tudo, reconhecermos a origem do verdadeiro amor que cuida, zela, respeita, se doa, perdoa e compartilha.

iii. Características do amor de Deus

O amor de Deus também é bem mais compreendido ao analisarmos alguns temas que encontramos nas Escrituras Sagradas. Eles servem para dar entendimento pleno da aplicação do amor de Deus, como por exemplo:

  1. Eleição – quando Deus, por amor aos seus, escolhe alguns para mantê-los preservados de todo o mal eterno e supre esses com sua presença, sua liderança e sua graça.

  2. Redenção – o amor de Deus também pode ser melhor compreendido à luz de sua obra redentiva aos seus eleitos que se encontram como pecadores. A cruz é a demonstração maior do amor de Deus e é o instrumento aplicativo da redenção feita por meio de Jesus Cristo.

  3. Sacrificial – Deus prova o seu amor por meio do sacrifício de seu Único Filho. A entrega do Cordeiro perfeito de Deus para morrer no lugar de homens imperfeitos, mas amados por Ele, é a maior prova de que o Seu amor é verdadeiro.

  4. Eterno – Deus é amor em si mesmo, e isto significa que, antes que tudo viesse a existência o amor de Deus também já existia; portanto, ao amar a sua Criação, principalmente os seus eleitos, seu amor transcende o tempo.

  5. Imenso – o amor de Deus é imensurável em sua grandeza. O apóstolo João nos diz “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus” (1Jo 3.1). Por mais falhos e pecadores que sejamos, isso não muda quem Deus é em si mesmo.

Conclusão

Precisamos aplicar o verdadeiro amor que aprendemos com o Pai. Temos que aprender a apreciar o amor de Deus com o próprio Deus e praticá-lo. Nunca haveremos de apreciar o amor de Deus a menos que entendamos quem éramos, de onde ele nos tirou, onde estaríamos se ele não interviesse miraculosamente na nossa vida e onde nos colocou. Não podemos nos esquecer que o amor de Deus não é um amor por causa das coisas que lhe oferecemos, mas a despeito do que somos (Ef 2.1-4).

É para agirmos e pensarmos dessa maneira que o apóstolo Paulo fala que o amor é parte do Fruto do Espírito que recebemos com a nova vida em Cristo Jesus. Esse amor verdadeiro é aplicado por meio do sacrifício de Cristo Jesus na cruz do calvário, mas sua origem não é a cruz, mas Deus.

Amemos a Deus. Amemos a criação de Deus. Amemos pregar o seu evangelho. Amemos uns aos outros e a nós mesmos! Amém.

Referências

  1. Campos, H. C. (2012). O ser de Deus e o seus atributos. São Paulo, SP: Cultura Cristã.

  2. Packer, J. I. (2014). O conhecimento de Deus. São Paulo, SP: Cultura Cristã.

  3. Sociedade Bíblica do Brasil. (2018). Bíblia de Estudo NAA. Barueri, SP: SBB.

 

<1> Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos.

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