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  • Foto do escritorRev. Luiz Henrique

O pecado da Acepção - Tiago 2.1-13.

introdução

Tiago falou que nascemos da Palavra (1.18), ouvimos a Palavra (1.19), acolhemos a Palavra (1.21), mas devemos também praticar a Palavra (1.22). Ouvir a Palavra e falar a Palavra não substitui o praticar a Palavra. Apenas ter uma confissão de fé ortodoxo não substitui o praticar a Palavra.

É por essa maneira que Tiago agora passa a tratar com aqueles irmãos da dispersão sobre a relação entre a fé e as obras; e como é necessário ainda hoje falarmos sobre a pratica da Palavra pelo povo de Deus. O que mais vemos em nossos dias é uma incoerência na vida cristã. Com os lábios pregamos uma boa doutrina, mas com a vida não temos demonstrado uma pratica coerente.

É por essa razão que temos muitos cristãos doentes espiritualmente, pois nunca crescem na vida cristã por não colocarem em pratica o ouviram da parte de Deus por meio de sua Palavra. É por está razão que temos inúmeros relacionamentos entre irmãos de fé que mais se parece com briga de torcida do que uma família no Sangue.

Tiago mostra que a maneira como nos comportamos com as pessoas indica o que realmente nós cremos sobre Deus; pois não podemos separar relacionamento humano de comunhão divina. O apóstolo João escreveu em sua primeira carta às igrejas da Ásia Menor dizendo: Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas odiar o seu irmão, esse é mentiroso. Pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê (1João 4.20 ).

É por esta razão que precisamos refletir neste dia, assim como aqueles irmãos foram convidados a fazer, sobre sua postura com seus irmãos na fé, principalmente aqueles mais pobres, e podermos buscar uma coerência na vida cristã com a Palavra que ouvimos da parte de Deus e aquilo que praticamos como verdade para nossas vidas.

Nesse capítulo, Tiago condena a acepção pecaminosa dos irmãos pelos ricos e o desprezo pelos pobres – que é parcialidade e injustiça cometida por alguns, e mostra que é um ato contrário a Deus, que escolheu os pobres, e cujos interesses são muitas vezes perseguidos, e o seu nome, blasfemado, pelos ricos. Ele mostra que toda a lei deve ser cumprida, e a misericórdia praticada, como também a justiça.

Há nesta passagem três advertências que Tiago traz para os cristãos de seu tempo com o intuito de provocar neles a pratica da fé cristã coerente com o cristianismo pregado pelos apóstolos:

i. Uma censura aos que praticam acepção de pessoas na vida cristã – v.1-4; ii. Um alerta quanto a inversão de valores na vida cristã – v.5-7; iii. Um chamado à coerência cristã – v.8-13;

EXPLICAÇÃO DO TEXTO

i. UMA CENSURA AOS QUE PRATICAM ACEPÇÃO DE PESSOAS NA VIDA CRISTÃ – v.1-4

Exortação: vocês não podem:

  1. Tratar as pessoas com acepção (prosopolepsia: parcialidade) – v.1;

  2. Tratar essas pessoas com deferência (phoreo: de roupa, vestuário, armadura). Significa: dar tratamento especial aos ricos e menosprezar os pobres – v.3;

  3. Fazer distinção entre vocês e os outros – v.4a;

  4. Se tornar juízes (fazer julgamentos), tomados de perversos pensamentos (critérios errados) – v.4b;

Esse tipo de atitude é incompatível com o evangelho de Jesus Cristo, o Senhor da glória. Tiago diz: “...vocês não podem ter fé em nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor da glória, e ao mesmo tempo...” praticar essas coisas.

Esse tipo de acepção, além de ser incompatível com o evangelho de Jesus Cristo, também é fazer um julgamento incorreto, coisa que nem mesmo o evangelho o faz. Esse tipo de julgamento, baseado no status social e econômico da pessoa, só revela o que ainda há de perverso em nosso coração.

Os crentes que Tiago exorta, nada tinham a ganhar dos pobres, pelo que também os tratavam com desprezo. Mas tinham algo a ganhar com os ricos e procuravam obter sua aprovação, tratando-os de maneira pomposa. Os motivos deles eram corruptos; eles não exibiam o amor de Cristo, mas apenas a astúcia de quem busca obter favores.

Aplicação

Por que esse tipo de acepção é condenada por Tiago?

  1. Provoca distinção entre os cristãos – v.4a;

  2. Nos torna juízes movidos por intenções perversas – v.4b;

  3. Inverte a maneira como Deus considera os pobres - v.5.

Como Deus considera os pobres? Tiago explica a partir do versículo 5:

ii. UM ALERTA QUANTO A INVERSÃO DE VALORES NA VIDA CRISTÃ – v.5-7.

Tiago chama atenção desses irmãos mostrando-lhes que o que é verdadeiro no evangelho é uma atenção especial de Deus quanto aos pobres. Deus tem um olhar atencioso e misericordioso pelos pobres; e, os abençoa de tal maneira que os faz ricos em fé e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam.

Perceba que Tiago não está dizendo que Deus faz acepção de pessoas aqui. Ele apenas diz que “...os que amam a Deus”, aqueles que demonstram essa verdade sinceramente, geralmente são pessoas que não tem apega à bens materiais nesta vida; mas, aquelas que foram escolhidas por Deus, receberam fé em Jesus e o grande premeu é poderem serem participantes no seu reino.

Tiago começou o capítulo 2 se referindo a Jesus como o Senhor da glória; é interessante essa designação que faz de Jesus, porque é primeira e única vez que encontramos nas Escrituras esse tipo de citação à Sua pessoa;

Veja, o Senhor da glória é o mesmo que nasceu numa família pobre, numa cidade sem muita relevância e em uma manjedoura. Viveu sem ter onde reclinar a cabeça, sem casa própria, vivia à custas de ofertas de pessoas caridosas. Esse é o Senhor da glória que Tiago apresenta!

É dito assim dele porque o verdadeiro valor da vida cristã não está em nossos bens, dinheiro ou em nosso status na sociedade; mas, em quem nos tornamos no reino de Deus. Tiago diz que esses irmãos foram eleitos por Deus para serem ricos em fé e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam.

A maior riqueza na vida cristã é o que recebemos da parte de Deus: o seu amor!

A distinção que aqueles crentes em Jesus faziam eram em favor dos ricos que os oprimiam e os arrastavam aos tribunais para tirar até o pouco que tinham – v.6;

Com o intuito de serem favorecidos de alguma maneira, aqueles irmãos desprezavam os pobres e tratavam com deferência (atitude de respeito e consideração), os ricos colocando-os nos lugares de honra;

Tiago diz que eles estavam invertendo os valores. Aqueles que eles deveriam receber com mais amor, estavam sendo desprezados; e aqueles que exerciam um controlo rígido (oprimir) sobre eles, estavam recebendo maior atenção e cuidado;

Em outras palavras, aqueles que precisavam de amor estavam sendo desprezados; a inversão de valores está no fato de que Jesus deu maior atenção e amor aos menos favorecidos da sociedade, mas que lhe deram maior fé;

É por esta razão que Tiago agora vai falar sobre a lei régia da vida cristã. Ele passa a falar sobre o que une os crentes, independente de classe social, riqueza ou pobreza. Vejamos:

iii. UM CHAMADO À COERÊNCIA CRISTÃ – v.8-13;

A essência da lei de Deus é o amor ao próximo com a nós mesmos. O amor é o cumprimento de toda a lei; portanto, quem não ama é um transgressor da lei; e, se tropeçarmos em um único ponto, somos culpados da lei inteira -v.10;

A verdadeira coerência cristã está alicerçada na vida daquele que ama. Aquele que vive de acordo com esse tipo de vida, então de fato, está condizente ao que prega; Tiago diz que, o que tal coisa pratica – fazeis bem!

Ele é mais direto agora ao dizer que fazer acepção de pessoas é pecado, e o que tal atitude comete se torna culpado de transgredir a lei do SENHOR;

Desta forma, não adianta dizer que guarda toda a lei, mas deixar de praticar ou tropeçar em um ponto se quer, se torna réu e culpado de todos;

No versículo 11 Tiago cita dois dos mandamentos para exemplificar que adulterar (sétimo mandamento) é ferir o próximo, assim como o que proíbe o sexto mandamento – não matarás; ambos prejudicam o próximo, não demonstra amor e respeito pelo nosso irmão; e, principalmente, nos torna réus e culpados de transgredir a lei do SENHOR;

No versículo 12 Tiago então dá um alerta ao dizer que aqueles irmãos deveriam viver o que pregam – falai de tal maneira e de tal maneira procedei; pois, eles seriam julgados pela lei da liberdade, a lei do evangelho;

Essa lei da liberdade diz respeito ao que Cristo fez na cruz do calvário quando nos libertou do império das trevas; lá, na cruz, Deus tirou as algemas que nos aprisionava nas más condutas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor (Cl 1.13);

No juízo, nossa fé será finalmente provada – nossas palavras e atitudes serão julgadas;

Usar de misericórdia nesta vida para aqueles que mais precisam de nossa demonstração de amor coerente com o evangelho que nos resgatou, possibilitará, no juízo, o uso de misericórdia sobre nós e em nosso favor. Pelo SENHOR Justo juiz;

CONCLUSÃO

  1. Se afirmamos ter fé em Jesus, precisamos nos unir em amor àqueles que também receberam da mesma para demonstrar a salvação e as demais bênçãos derramadas apenas para os herdeiros no reino de Cristo;

  2. Não podemos fazer distinção sobre aqueles que também foram criados à imagem e semelhança de nosso Senhor. Sobre essas pessoas, o que deve prevalecer é o amor sincero e reciproco por pertencermos há um mesmo Deus e Senhor;

  3. Precisamos ter cuidado com nossas atitudes neste mundo, principalmente com aqueles que professam a mesma fé; pois agir diferente do que o evangelho nos ensina, é viver numa vida de incoerência cristã e engano;

  4. É necessária verdadeira confissão de fé em nossos lábios; confissão está que nos conduz à uma vida cristã piedosa e sincera diante de nossos semelhantes;

  5. Precisamos seguir o exemplo de nosso Senhor da glória, que mesmo sendo Deus, não usou por usurpação o ser igual a Deus; antes, se esvaziou assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz; e amar o próximo como a nós mesmos e obedecer a Deus; e se esvaziar de nós mesmo para sermos guiados por aquilo que é eterno – o amor de Deus Pai, em Cristo Jesus, o Senhor!

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